sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Natal 36

ONDE ELE VAI NASCER?

Autor: Gilmar do Nascimento – 1991
Personagens:

Narrador ou narradora
José – operário
Marta – doméstica, esposa de José
Margarida – esposa de empresário
Carla – filha de Margarida
Manuel – operário
Lurdes – doméstica, esposa de Manuel
Prefeito e Vereador
Ana – mulher que recebe José e Marta em sua casa
Ana – mulher que recebe José e Marta em sua casa

Outros personagens anônimos – é importante que estas outras pessoas façam parte da peça, pois ajudam a caracterizar as diferentes situações.

Introdução
Toda obra é uma obra. Porém, vista de um determinado ângulo, de um determinado ponto de vista e de uma determinada realidade. No caso do teatro é muito importante a interpretação e o envolvimento de cada personagem.
Esta obra não está acabada. Cada grupo que quiser fazer teatro deve ter isso em mente. De que tudo é relativo e dinâmico, especialmente no que diz respeito ao teatro popular. Este texto quer ser uma ajuda aos grupos que gostam de teatro. Sintam-se livres para mudar, adaptar, cortar ou acrescentar cenas.
Esta peça conta a história de um casal de um operário e uma doméstica que saíram do interior e foram para a cidade. Lá vivem estrangulados pelo arrocho salarial e pelas dificuldades de uma cidade grande. O primeiro filho vai nascer... Onde? Eis a grande preocupação deste casal e de tantos outros que vivem neste país.
Esperamos que este pequeno ensaio nos ajude a encontrar alguma saída.

Cena I
(Esta parte deve ser lida antes do início da peça. Enquanto o narrador fala esta parte, José e Marta estão sentados na penumbra, já prontos para a cena I. Casa simples.  Quando acendem as luzes, os dois conversam enquanto põem a mesa).
Narradora: Num país muito distante, um povo que outrora vivera feliz, hoje vive em amargura e dor. Por um decreto do governador, as pessoas eram obrigadas a migrarem do interior para as cidades, para servirem como mão-de-obra nas indústrias. José e Marta,  atendendo a este decreto propagandista, também foram para as cidade cheios de sonho. Lá, após o deslumbramento dos primeiros dias, com as vitrines consumistas e o aparente conforto, caem na realidade da vila onde moram. José é operário em uma fabrica e Marta empregada doméstica. Vivem estrangulados pelo arrocho salarial, o alto custo de vida, o aluguel e as dificuldades de uma vila sem infra-estrutura.
O primeiro filho vai nascer... Onde? Eis a grande preocupação deste casal... e de tantos outros que vivem neste país!
Marta: Pois é, José, se continuar desse jeito, nosso primeiro filho vai nascer numa pior... Nem fraldas ele vai ter!
José: Não diga uma coisa dessas, Marta...
Marta: Mas como não vou dizer? É a realidade!
José: É, a situação está difícil... este salário que a gente ganha não dá prá nada.. Se é que dá para chamar isso de salário...
Marta: Falando em salário, o seu Antônio, lá do armazém já esteve aqui prá mais de 10 vezes...
José: O que ele queria?
Marta: Tu ainda pergunta? Ele quer receber o dinheiro dele. Já faz mais de 2 meses que não pagamos o armazém...
José: Sim, eu sei, mas como vamos pagar? Se o que ganhamos não dá... O patrão não dá jeito de pagar as horas extras... a turma até já falou em fazer greve, mas do jeito que tá difícil arranjar emprego... Não sei se vai ser uma boa.
Marta: Este teu patrão é um explorador, isso sim.
José: Eu sei, mas fazer o que? Eu não tenho profissão. Meu pai não podia me pagar o estudo... Se eu perder este emprego, onde é que vou arranjar outro? Já tá ruim viver assim, imagina sem emprego...
Marta:  Mas um pouco mais ele podia pagar...
José: Estou fazendo biscates no fim-de-semana, espero que dê para comprar as roupas do nenê.
Marta: É mesmo,  Zé, o menino está chegando e nós não temos nada de enxoval. O pior é que além de seu Antônio do armazém, veio também  a dona Joana cobrar o aluguel.
José: Só faltava essa... devendo armazém, você grávida e aluguel atrasado...
Marta: Ela disse que vai querer a casa de volta se a gente não pagar. Falou bem alto prá toda vizinhança ouvir.
José: Mas que atrevimento!
Marta: Ela disse que quer receber pelo menos a metade, senão...
José: Senão, o quê? Ela vai botar a gente prá fora?
Marta: Ameaçou chamar a polícia prá fazer a gente sair na marra...
José: Mas, todo mundo atrasa aluguel nesta terra.
Marta: Sim, mas nós atrasamos sempre. Pôxa,  Zé! Eu não quero ter nosso filho de baixo de um viaduto.
José: Nem eu, não fique preocupada, Marta, você não pode se preocupar demais... Amanhã mesmo, quando  sair da fábrica vou procurar mais uns biscates prá fazer.
Marta: Mas você já trabalha tanto! Sai de casa ainda escuro e volta só tarde da noite... A gente quase não se vê. Só nos fim-de-semana...
José:  O que vou fazer, Marta? Quanto mais se trabalha...
Marta: Eu também vou pedir um aumento. Vou falar com dona Margarida amanhã de manhã mesmo.
José: Isso mesmo, não custa tentar.  Quem sabe tua patroa tem bom coração. (Neste ponto é sugerido que José cante ou declame a canção “Lamento Nativo” do hinário da PPL, p. 76).

Cena II
 (Na casa da patroa, Marta está limpando os móveis quando chega Margarida com as filhas, carregando presentes).
Margarida: Vamos Marta, faça alguma coisa. Ajuda a carregar estes pacotes lá para dento. Afinal de contas, para quê estou te pagando?  (Marta pega os pacotes e sai de cabeça baixa).
Paula: Mamãe, e o presente do Júnior?
Margarida: O que é que você quer que eu faça? O menino insiste em Ter a roupa de Power Ranger, o tênis do Power Ranger, não sei o que mais do Power Ranger...
Paula: A gente procurou em tudo que foi loja, mas não encontrou...
Margarida: Pois é, se ao menos ele aceitasse outro super-herói!
Carla: (Gritando) Marta! Traz minha  Coca-Cola!
Margarida: Seu pai ainda vai me deixar louca por esses dias de Natal. Imagina quem ele resolveu convidar para nossa Ceia de Natal!
Carla: Quem mamãe?
Margarida: O gerente geral da fábrica, um tal de Dr. Onofre e ainda por cima o deputado Ferreira e sua esposa.
Paula: Humm! O deputado! Aí tem coisa!
Margarida: Claro que tem. Seu pai está querendo por os pés em Brasília.
Paula: E o deputado vai vir?
Margarida: Sim, por isso temos que fazer uma festa de Natal à altura. Aliás, lembrem-me de pedir para seu pai deixar uns cheques assinados. Acho que com uns dois mil reais dá prá organizar a noite de Natal. (Marta volta trazendo a coca-cola. Entrega-a a Carla e dirige-se a patroa).
Marta: Dona Margarida...
Margarida: O que foi desta vez?
Marta: Eu queria falar com a senhora...
Margarida: Agora não tenho tempo, depois você fala.
Marta: Mas é que eu...
Margarida: Por favor. Marta! Vá fazer um chá e traga também meus calmantes. Estou exausta!
Paula: Mãe, o cabeleireiro é as nove...
Margarida: Ai meu Deus, já ia me esquecendo deste maldito cabeleireiro...
Carla:  (Abrindo um pacote e pegando um vestido novo) Não é chocante?
Margarida: Quem vai ficar chocado é seu pai quando souber o preço.
Paula: Mãe, aqui na lista está faltando...
Margarida: Falta o quê menina, não é só o presente do Júnior?
Paula: Tá faltando um presente para a Tia Claudia e a lembrancinha da Marta
Margarida: O presente da Tia Claudia já comprei na semana passada.
Carla: O que foi que ela pediu?
Margarida:  Um secador de cabelos, desses que foram lançados agora.
Carla: E prá Marta?
Margarida:  Prá ela vou comprar um desodorante.
Carla: Só isso?
Margarida: Claro que não, minha filha. Vou lhe dar também umas roupas velhas que tenho lá na chácara.
Paula: A prefeitura está promovendo o Natal da criança pobre. Vou ver se arrumo umas roupinhas para a criança da Marta.
Carla: É, o menino dela vai nascer no Natal.
Margarida: Tá bom, mas agora vamos lá dentro, conferir nossas compras. (Saem do palco).

Cena III
 (Marta está em casa, arrumando uma mala. José vem chegando cansado do trabalho)
José: Que mala é esta, mulher?
Marta: Não tem mais jeito, vamos Ter que sair da casa amanhã. Até já comecei a ajuntar nossas coisas... (chorando)
José: Esperaí, nem bem cheguei e uma notícia dessas...
Marta: Mas você já sabia que mais dia menos dia isso iria acontecer...
José: Não pode ser...
Marta: A mulher só está exigindo o que é de direito. Ela não tem obrigação de deixar a gente aqui sem pagar...
José: Eu fiz mais uns biscates, ganhei mais uns trocados...
Marta: Quanto, deixa eu ver...(pegando um pequeno maço de dinheiro de sua mão). Não dá nem prá dois  quilos de carne.
José: Mas pelo menos o café da manhã tá garantido.
Marta: (Encostando-se no marido que está sentado).E aí, Zé, o que é que a gente vai fazer?
José: Sei lá! Vamos Ter que fazer as trouxas e sair por aí. Quem sabe algum cristão ajude a gente... e tem o Natal... quem sabe...
Marta: Que é que tem o Natal? Pobre só tem Semana Santa!
José: Mas quando eu era menino o Pastor falou que Jesus nasceu pobre...
Marta: Isso é verdade, Zé. Jesus nasceu na estrebaria...
José: Mas parece que hoje em dia Jesus só nasce nas casa dos ricos! Eles têm direito a fazer Natal.
Marta: Não, Zé. Jesus nasceu pobre, mas os ricos é que se adonaram do Natal, mas não de Jesus. Os ricos só querem o Natal para fazer festa. Jesus eles deixam na estrebaria como antigamente...
José: Talvez você tem razão... E no seu emprego Marta, você conseguiu aumento?
Marta: Que nada. Minha patroa nem quis me ouvir. Disse que depois conversa comigo.
José: Se ela não pode sujar nem estragar sua mãozinhas, então que pagasse um salário mais decente para quem trabalha.
Marta: É, quem trabalha pesado sempre ganha menos...
José: Pois é Marta, aqui estamos nós, sem casa, sem dinheiro e devendo para todo mundo... Me lembro de quando a gente estava lá no interior... lá na roça... por mais difícil que era a situação, a gente tinha o que comer... Aqui nem isso temos...
Marta: Mas a gente não tinha terra e com toda aquela propaganda do governo de que na  cidade tinha trabalho para todos... É, a gente foi enganado mais uma vez...
José: Ruim na colônia... pior na cidade... (Ficam arrumando a mala quando chegam os vizinhos).
Manuel: Boa-noite!
Marta e José: Boa-noite! (Se cumprimentam)
Manuel: Mas, o que houve, estão de mudança?
Marta: Fomos despejados.
Lurdes: Por quê?
José: É por que temos o aluguel atrasado. Eu não tenho dinheiro, ainda não saiu o pagamento.
Manuel: Pois é a coisa tá feia e o pior é que nós não temos nenhuma sobra prá emprestar.
Marta: E pobre lá tem sobra?
Lurdes: Nós até que tinha uma economia, mas o Paulinho ficou doente e gastamos tudo no médico e no hospital
Manuel: Imagina só, pagamos o INPS cada mês, mas quando precisamos...
Lurdes: Não é INPS, é INSS homem...
Manuel: Ah! Isso tudo é a mesma coisa. Trocaram as moscas mas segue a mesma ... Mas como eu tava dizendo, prá conseguir uma consulta tinha que esperar um mês...
Lurdes: E num mês nosso filho já teria morrido.
Marta: Ele ficou bem?
Lurdes: Sim, graças a Deus.
José: Aqui na cidade tá tudo pelos olhos da cara. Daqui a uns tempos vão cobrar até o ar prá respirar.
Manuel: Parece brincadeira, mas a água que Deus deu de graça, nós já temos que comprar. O ar é de graça, por enquanto, mas também, um ar fedido desses... O ser humano é burro mesmo. Primeiro suja tudo para depois gastar um monte de dinheiro prá limpar...
Lurdes: Mas voltando a falar de vocês... quando vai nascer o nenê?
José: Quando vai nascer nós já sabemos, mas onde vai nascer... só Deus sabe...
Marta: Vai nascer no Natal
Lurdes: Que lindo, vai ser um verdadeiro presente de Natal!
José: No começo nós também achava que ia ser um presente, mas agora que perdemos a casa, não sei não.. Este nenê tá se tornando uma preocupação.
Marta: Quase um pesadelo.
Manuel: É, Zé, lembro de quando viemos para a cidade, o salário até que dava prá viver. Mas hoje... Só dá prá comer mal e mal... Roupa, já vai prá dois anos que não compramos nova.
Lurdes: Nós até tomava umas cervejinha  e prás crianças a gente comprava uns refri de vez em quando.
José: Tu tens razão. A sorte de vocês é que não precisam pagar aluguel.
Manuel: A nossa casinha é pequena, mas não chove dentro...
José: Eu tava falando prá Marta, se nós tivéssemos ficado no interior, lá pelo menos tinha o que comer. Agora não temos dinheiro nem prá voltar.
Manuel: Olha Zé, amanhã na Vila vai Ter o Natal da criança pobre. O prefeito e os vereadores estarão distribuindo prêmios.
José: Isso também não resolve o problema. O que adianta um presente no Natal se o ano tem 365 dias? Esses políticos... Ganham o dinheiro do povo o ano todo e não fazem nada para melhorar a situação. Se eles resolvessem o problema do salário e da moradia não precisavam dar esmolas no Natal.
Manuel: Resolver o problema não dá voto.. O negócio é dar uma esmola de vez em quando para que o povo fique vivo e vote neles de novo da próxima eleição.
Lurdes: Também não é assim, tem uns políticos que pensam no povo, mas são a minoria...
Marta: E estes não recebem muito apoio.
José:  Isso é. Dias atrás, na reunião de estudos bíblicos falamos sobre isso e descobrimos que nós também somos culpados pela situação. Nós não nos organizamos e não lutamos. Nós só queremos que os outros façam algo por nós.
Marta: O Pastor falou que na Vila São João eles também não tinham água, mas eles fizeram uma comissão e foram falar com as autoridades e hoje já tem água e esgoto na Vila.
Manuel: Vocês têm razão. Às vezes a gente é muito acomodado.
Lurdes: A gente tem muito que conversar. Mas nós precisamos ir dormir prá amanhã levantar cedo e ir trabalhar.
José: Nós também. Precisamos encontrar uma outra casa prá morar. (Manuel e Lurdes se despedem)

Cena IV
(È outro dia. O prefeito e os vereadores estão distribuindo presentes para as pessoas da Vila Trapo. José e Marta que não encontraram casa estão passando pela frente. Sugere-se aqui, de fundo musical, por alguns instantes, a música Massa Falida).
Prefeito: Minhas senhoras e meus senhores! Aqui nos reunimos mais uma vez para homenagear nossas crianças. Para isso, trouxemos um pequeno rancho para as famílias carente e alguns brinquedos para as crianças do Bairro. Com este ato queremos demonstrar que a administração municipal, juntamente com a Câmara de Vereadores, aqui representada pela pessoa do seu presidente, está voltada para os carentes de nosso município. Assim como Jesus veio para ajudar o povo, a prefeitura está aqui para auxiliar os mais fracos. Nos alegramos em poder fazer isso. Pois uma das promessas da nossa campanha era possibilitar que todos tivessem um dia o seu Natal. Aqui estamos cumprindo a nossa promessa. Tenho dito. (Aparecem pessoas recebendo os sacos de comida e crianças recebendo os presentes. Fundo musical: Massa Falida).
José: Isso é tudo conversa fiada.
Marta: Nem esgoto e água encanada tem na Vila. Se eles quisessem fazer algo pelos carentes, deveriam primeiro se preocupar com coisas mais importantes e não com esmolas. Água e  esgoto, isso sim, foi promessa de campanha.

Cena V
(Apagam-se as luzes. Há uma vitrine. José e Marta estão passando e observando a vitrine enfeitada para o Natal. Alguém passa e esbarra em Marta).
José: Povo sem educação.
Marta: Eles pensam que são os  donos do mundo...
José: E sempre andam correndo, apressados...
Marta: Apressado tá o menino aqui. Desde esta noite está se movimentando diferente, querendo sair...
José: Eu só queria uma casa para morar, não queria nada dessas bugigangas que o pessoal tá levando para casa.
Marta: Eles compram até sabonete para cachorro. Quando nós tava na colônia tomava banho com sabão  comum e também ficava limpo.
José: É, mas pensando bem, tem até umas coisas bonitas de se ver!
Marta: É só prá ver mesmo, porque a gente só pode olhar e nada mais.
José: (Apontando para a vitrine) Veja, Marta! Aquela bicicleta eu ajudei a montar, foi um dos meus biscates.
Marta: E a gente anda a pé. (sentam-se na beira da calçada = palco).
José: Tanta coisa a gente produz e nada podemos ter. O que a gente dá de lucro por dia eles pagam por mês. Você tem razão quando diz que pobre não tem Natal.
Marta: Zé, vamos andando. O menino quer nascer e nós não temos onde dormir. Vamos ver se a gente acha um lugar para ficar, pelo menos esta noite. (Saem caminhando. A luz é apagada. Sugere-se aqui a música Migrante como fundo musical).

Cena VI
(Pequeno barraco. Marta e José estão lá dentro com as pessoas da casa. Marta está segurando um bebê).
Marta: Ah! Que alívio! Eu não tenho como agradecer a vocês.
José: Não fosse a caridade de dona Ana, nosso filho teria nascido na rua...
Ana: Não tem o que agradecer não, gente. E depois, como é que eu ia deixar vocês nessa situação?
Marta: Mas será que não estragamos sua festa de Natal?
Ana: Estragar meu Natal? Olha, eu vou contar um segredo para vocês. Quando vi vocês desesperados, sem ter prá onde ir e Marta quase tendo se bebê, eu pensei cá comigo: Será que eu posso ter um Natal feliz, ficando de braços cruzados? Aí eu disse prá mim mesma: esse é o Menino Jesus que tá querendo nascer aqui na minha humilde  casinha.
Marta: Menino Jesus?
Ana: Sim, o Menino Jesus em carne e osso!  Esse magrelinho  aí que você botou no mundo.
José: Mas como nosso filho pode ser o Menino Jesus’
João: Deixa que eu explico: olha, Deus veio ao mundo em Jesus Cristo. Uma criança que nasceu em meio á pobreza e tornou-se o Rei do mundo. Quando todos esperavam um rei soberano, Jesus nasceu humilde. Deus fez isso em protesto contra os poderosos que pensavam ser os donos do mundo porque tinham poder e massacravam os humildes. Deus fez seu Filho nascer humilde e o tornou Rei soberano, mas os poderosos não entenderam a mensagem de Deus e crucificaram a Jesus.
José: Sim, mas o que isso tem a ver com nosso menino?
João: Hoje, cada criança que nasce em meio á pobreza e miséria,  como Jesus, é sinal de que o ser humano ainda não entendeu a mensagem de Deus, pois ainda permitem que crianças nasçam em condições de miséria, causada pela injustiça social. Por isso, seu filho é um Menino Jesus.
Ana: É verdade Marta. Por isso nossa morada hoje, se encheu de luz, por causa do menino. Não se preocupem, vocês não estragaram o nosso Natal. Vocês vieram dar sentido ao nosso Natal, isso sim. Nós estamos felizes.
Marta: Mais feliz que eu a senhora não tá não!
José: É o nosso primeiro filho...
Marta: Menino que vem  numa hora difícil, cheia de medo...
Ana: E de esperança também, Marta. Esperança de que um dia todas as portas serão abertas e todas as pessoas vão se unir numa só corrente, cantando, gritando, sorrindo, vivendo o Natal!
José: AH! Nesse dia todos serão felizes de verdade.
Marta: E por que não fazer festa hoje? Graças a deus, nosso filho nasceu, Dona Ana e seu pessoal nos acolheu, hoje é Natal!
José: É verdade, os pobres já estão se unindo, então é sinal que o Natal de fato está chegando!
Ana: Vamos festejar! Que todos cantem conosco! (Canta-se o hino: Que estou fazendo se sou cristão. Se houver um grupo de canto ou coral para auxiliar a comunidade nesta parte seria bem-vindo).

Que estou fazendo se sou cristão? /Se Cristo deu-me o seu perdão?
Há muitos pobres sem lar, sem pão./ Há muitas vidas sem salvação.
Mas Cristo veio prá nos remir. /O homem todo sem dividir
Não só a alma do mal salvar / Também o corpo ressuscitar

Há muita fome no meu país/ Há muita gente que é infeliz
Há criancinhas que vão morrer/ Há tantos velhos a padecer
Milhões não sabem como escrever/ Milhões de olhos não sabem ler
Nas trevas vivem sem perceber/ Que são escravos de outro ser

Aos poderosos eu vou pregar/ Aos homens ricos vou proclamar
Que a injustiça é contra Deus/ E a vil miséria insulta os céus
Se Cristo deu-me o seu perdão/ Que estou fazendo se sou cristão?


FIM


Natal 35

O NATAL É PARA TODOS
Autor desconhecido

Personagens:

Dona Susana
Quatro crianças
Dona Carlota
Um idoso pobre
Dona Francisca
Um moço rico
Uma mulher



Cenário: Sala de visitas de D. Susana. Tudo bem limpo e arrumado. Duas portas: uma que dá hipoteticamente para os fundos da casa e outra para a rua.

(Quando abre a cortina a o palco está vazio. Ouve-se o tocar dos sinos. D. Susana entra pelas porta dos fundos. Pára escutando o som dos sinos. Logo param de bater.)

Susana: Vésperas de Natal! Mas que sentido tem o Natal para uma pessoa que vive como eu, sozinha, sem família, sem amigos. Natal é para as crianças e para quem tem família. Oxalá, passem depressa os feriados de Natal. Um feriado assim, faz-me sentir mais sozinha ainda. (Vai de uma porta para outra chamando:) Bichana! Bichana! (Fecha a porta) Pobre bichana! Foi-se embora esta manhã. Acho que esta casa é triste até para uma gatinha. (Fecha as cortinas da janela com um suspiro) Penso que ninguém gosta de olhar para uma casa onde não há as alegrias de Natal. (Senta-se triste, numa cadeira de balanço e começa a tricotar. Batem na porta. Abre e lá está um grupo de 4 crianças – pode-se dar um nome para cada uma delas).
Criança: Podemos entrar D. Susana?
Susana: Oh! Sim! Entrem, entrem!
Criança: Trouxemos uma árvore de Natal!
Susana: Uma árvore de Natal? Para mim?
Criança: Nossas mães acharam que a senhora haveria de gostar...
Susana: Oh! Sim, como não?(Crianças entram carregando a árvore de Natal) Vou buscar uma lata para colocar a árvore! (Sai)
Criança: Tenho certeza que uma árvore bonita de Natal traz um pouco mais de alegria e felicidade a D. Susana.
Criança: Ela parece sentir-se muito só, especialmente no Natal
Susana: (Voltando com o balde). Encontrei este balde que serve direitinho para colocar a árvore.
Criança: Podemos colocar a árvore ao lado da janela para que possa ser vista da rua?
Criança: Mamãe diz que em todas as casas deve haver alguma coisa na janela para indicar que é o Natal. Ela diz que isso ajuda a trazer alegria.
Susana: (Abrindo as cortinas). Sim, vamos colocá-la na janela. Ela vai contar a todos que por aqui passarem que estamos no Natal. (As crianças e d. Susana enfeitam a árvore, conversam enquanto trabalham).
Criança: Nós também trouxemos enfeites para sua árvore. Tiramos das árvores de nossas casas.
Criança: Eu trouxe cordões prateados...
Criança: Eu trouxe algumas bolas...
Criança: Eu trouxe algodão prá fazer de conta que é neve...
Criança: Eu trouxe um pisca-pisca.
Criança: Nós tínhamos duas estrelas de prata,  trouxe então uma para o alto de sua árvore.
Susana:  Vocês foram muito bondosas para mim...
Criança: Mamãe disse que todo mundo deve poder ser feliz no Natal.
Criança: É porque o Natal é o aniversário do Menino Jesus.
Criança: Ele veio para trazer paz na terra e boa vontade entre as pessoas...
Criança: Podemos cantar um hino de Natal, d. Susana, enquanto arrumamos sua árvore?
Susana: OH, sim! (Crianças cantam uma canção bem conhecida de Natal ou Advento. Susana começa a cantar também. A sala começa a aparentar um ar festivo. Depois de tudo pronto, Susana e as crianças ficam admirando a árvore).
Criança: Não está maravilhosa?
Susana: (Séria) É a árvore mais linda do mundo! Não tenho palavras para agradecer tanta bondade!
Criança: Agora, penso que podemos ir para casa. Nossas mães nos recomendaram voltar logo. (Dona Susana as acompanha até a volta).
Susana: (Enquanto elas saem) Um Feliz Natal prá vocês, que Deus abençoe a todos! Todos vocês!
Crianças: Feliz Natal d. Susana. Feliz Natal!
Susana: (Consigo mesma).  Eu gostaria que as crianças voltassem amanhã, mas, naturalmente, elas querem passar o dia em suas casas... (fecha a porta e admira a árvore). A árvore mais linda do mundo! (Ouve-se uma batida na porta da frente. Susana abre e um idoso andrajoso está lá). O senhor quer entrar? Venha descansar.
Idoso: (Entrando e ficando bem visível ao público). Não posso parar para descansar. Eu somente gostaria de lhe dizer que gostei muito de ver sua árvore de Natal  pela sua janela. Estive olhando tempo para ela, admirando, parece que senti um bem estar no coração. Eu não tenho ninguém de minha família, o Natal é muito triste para um velho como eu!
Susana: Se o Sr. esperar, eu preparo uma xícara de café...                           
Idoso: Não, obrigado, meu quarto fica longe, do outro lado da cidade. Ando muito devagar, por isso preciso ir caminhando...
Susana: (Tendo uma idéia) OH! O Sr. que vir amanhã e passar o Natal aqui? Terei café e bolinhos!
Idoso: Sim, eu virei. Muito agradecido pela bondade. Deus a abençoe por trazer alegria a um pobre velho, no dia do Natal. (Enquanto ele sai, Susana fecha a porta e o telefone toca. Ela atende)
Susana: Alô! Quem fala?
Carlota: (Uma voz falando atrás da cortina). Eu sou Carlota, sua vizinha do outro lado da rua. Meu filho Júlio está com o pé machucado. Ele não pode sair por vários meses. Mas eu quero que a senhora saiba que ele está encantado com a sua árvore de Natal. Ele está à janela e pode ver bem a sua árvore. Para ele o Natal desta vez não vai ser muito alegre, eu bem sei...
Susana: (Feliz) Oh! Mas a senhora poderia trazer o Júlio aqui amanhã! É pertinho, eu posso lhe ajudar a carregá-lo. Vou fazer uma festa! Teremos bolinhos, leite e outras coisas!
Carlota: Obrigada, d. Susana. Com muito prazer nós iremos. (Enquanto Susana deixa o fone, ouve-se uma pancada na porta. Ela vai abrir. É uma mulher)
Susana: Pois não? O que deseja? Quer entrar?
Mulher: (Ficando bem visível para o público). Não obrigada, meus seis filhos estão comigo, está na hora de levá-los para casa. Eu queria somente contar-lhe que estivemos admirando sua árvore de Natal este ano. É linda. Nós não podemos fazer uma  árvore neste Natal, por isso saímos para ver a cidade enfeitada.
Susana: (alegremente) Venham todos amanhã, assim poderão curtir um pouco mais a árvore. Que acha? Vamos Ter uma festinha. Teremos bolinhos, leite, sanduíches, chocolate, frutas...
Mulher: Obrigada minha senhora, faremos o possível para vir. Que Deus a abençoe por nos proporcionar um Natal feliz! (Enquanto sai, toca o telefone).
Susana: Alô? Quem fala?
Francisca: (falando atrás das cortinas). Aqui fala dona Francisca, do orfanato. Levei hoje as crianças para a cidade, para verem as vitrines e as árvores de Natal. Quero dizer-lhe que gostamos imensamente da sua. Foi a árvore mais linda que vimos na cidade.
Susana: Oh! Obrigada! Escuta, a senhora não pode trazer as crianças amanhã para passarmos juntos o Natal? Haverá boas coisas para comer, jogos e brinquedos.
Francisca: Obrigada, d. Susana! Será para nós um prazer. (Enquanto Susana larga o fone, mais uma batida na porta. Está lá um moço bem trajado).
Susana: O senhor quer entrar?
Moço rico: (Visível para o público). Eu queria somente dizer-lhe que estive no meu carro, do outro lado da rua, apreciando e admirando a sua árvore de Natal. Eu estou só no mundo. Sua árvore de Natal trouxe gratas recordações de Natal , do tempo que eu era menino. Eu tinha família e o Natal era tão alegre! Hoje tudo é diferente. Tenho muitas coisas, mas me sinto só...
Susana: O senhor quer voltar aqui amanhã e curtir mais a beleza da minha árvore? Vamos Ter uma festinha com muitas crianças... o senhor poderá lembrar os seus velhos tempos...
Moço rico: Obrigado. Farei de tudo para poder vir, será um prazer... (Ele sai e Susana continua na porta pensativa). Pôxa! Esse moço é o Sr. Eduardo. Ele é um dos mais ricos da cidade!  Nem posso imaginá-lo sozinho e triste no Natal! Mas eu sei que ele vai gostar da minha festa! (Toca o telefone e Susana corre para atender). Oh! Eu estou feliz por terem apreciado a minha árvore de Natal! Venha amanhã para a nossa festinha também, será um prazer! (Batem na porta) (Ela abre e conversa com alguém que está lá fora). Oh! Alegra-me imensamente saber que minha árvore é linda. Venha amanhã para a nossa festa. Haverá muitas coisas para comer, jogos, brinquedos, cânticos... Vamos Ter uma alegre e feliz com sua companhia! (Finalmente fica tudo quieto.  Susana senta-se para descansar. Ouve-se um miado agudo fora. Susana corre para a porta). Bichana, você voltou! (Ela toma a gata no colo. Pode ser real ou de brinquedo e entra com ele em cena). Você resolveu voltar e curtir também os preparativos para o Natal? Vamos ter uma festa maravilhosa Bichana ! Agora vamos para a cozinha, procurar um petisco para você. Depois, vou começar a fazer os bolinhos para amanhã. Oh! Vou ter muito o que fazer nesta noite. Será que vou dar conta de tudo? Ah! Mas isso me deixa tão feliz! (Caminha em direção à porta dos fundo, como se fosse para a cozinha, com Bichana nos braços. De repente os sinos começam a tocar lá fora. Larga Bichana no chão. Volta-se e escuta reverentemente os sinos com o  olhar fixo nas estrela de prata, no topo da árvore. Os sinos param de tocar).
Susana: Hoje aprendi que o Natal é para todos. Até para aqueles que não tem família ou vivem sozinhos. É para os ricos e para os pobres. É para os que tem saúde e para os doentes! Tudo porque celebramos o nascimento de Cristo, o menino que veio ao mundo para trazer paz e bênçãos a todos! Todos, sem distinção! O Natal é para todos! É para todos!

FIM



Natal 34

E OS PASTORES VIRAM A LUZ DA ESTRELA !

Autor desconhecido.
Origem: Paróquia Evangélica Barranco

Personagens:

Beto
Luiz
Cassiano
Sandra
Luciana
Ivan
Ângelo
José
Maria

Cena I
O palco está escuro. Há apenas a luz de algumas velas que vão sendo colocadas no chão à medida em que as personagens entram em cena. Ao redor das velas, em semicírculo, reúnem-se as personagens.
Beto: (Entra lentamente, trazendo uma vela acesa na mão e uma sacola com  lanche na outra.  Ah! Mais uma jornada de trabalho pela frente. Pôxa, hoje sou o primeiro a chegar! Bom, vou esperar a companheirada. (Enquanto espera assobia algo)
Sandra: (Sandra e Cassiano entram juntos. Sandra traz uma vela e uma sacola com lanches e Cassiano traz uma enxada). Oi Beto, animado hoje?
Cassiano: E aí, faz tempo que tu chegou até aqui?
Beto: É, já faz um tempinho. Mas não tem problema, alguém tem que chegar primeiro.
Cassiano:  Bom, deixa eu sentar um pouquinho também. Vamos esperar os outros, né? Senta também, Sandra. (Sandra senta. Chegam Luiz e Ivan. Luiz está amparando Ivan no ombro, pois ele está embriagado).
Sandra: (Levanta-se de sobressalto) Luiz! Ivan! O que aconteceu? (Beto e Cassiano vão ao encontro deles e ajudam a trazer Ivan para perto das velas. Deitam-no no chão).
Luiz: Encontrei ele assim. Nem começou o serviço ainda e ele já está assim de novo... (Luiz se senta. Beto e Sandra estão juntos de Ivan).
Cassiano: (Também senta) É uma coisa séria! Ivan não aprende nunca. Acho que ele não quer se ajudar!
Sandra: Olha, Cassiano, não é bem assim. Penso que somos nós que não o ajudamos. Lembram de ontem? Foram vocês que convidaram o Ivan para tomar um traguinho...
Beto: Eu não fiz nada...
Sandra: Deixa disso, Beto. Tu tá sempre tirando o corpo fora quando tem algo sério acontecendo com a gente. Isso aí que acontece com o Ivan não é brincadeira não, é doença e das brabas. (Todos ficam quietos por um momento. De repente, vem chegando Luciana. Chega cantarolando algo e está bem feliz).
Luciana: Oi pessoal! Que bom ver vocês de novo. Vamos lá, trabalhar? Estou bem disposta hoje... (chega perto de Sandra e diz somente para ela9 Ganhei uma carta do meu namorado , ele quer falar comigo depois do serviço. Acho que vamos casar!(Sandra e Luciana se abraçam).
Luiz: IH! Olha as duas ali. Vamos lá! (Batendo palmas) É hora de trabalhar! O relógio tá correndo e a gente não pode perder tempo.
Beto: E o Ivan, vamos deixar aqui?
Luciana: O que houve com o Ivan? (Chega perto dele) Nossa como ele está inchado, e que cheiro...
Luiz: Mas o caso é sério Luciana. A Sandra disse algo muito certo, somos nós que temos que ajudar o Ivan, mostrar para ele o que está acontecendo. Assim ele também vai poder se ajudar.
Cassiano: Que nada, o Ivan é um preguiçoso, vive reclamando, dizendo que nada dá certo. Que o preço do leite é mixaria, que os médicos cobram demais, que o s remédios estão caros. Isso tudo acontece porque ele não trabalha.
Sandra: Olha gente, já faz vários anos que trabalhamos juntos aqui neste lugar, eu conheço vocês todos e pelo que vi até agora, a gente trabalha parelho.
Beto: É verdade. O Ivan é pegador também! Não dá prá dizer que ele é vagabundo...
Luiz: Eu concordo com tudo que vocês estão dizendo, mas acontece que a gente não tem uma união forte. A gente não quer conversar e trocar idéias sobre o trabalho da gente, sobre a vida da gente.
Beto: Mas a gente não tem tempo também,,,
Sandra: Que papo furado é esse Beto? Tempo a gente tem. Só que a maioria gasta o tempo em bobagens que não levam a lugar nenhum. A gente tem que colocar prioridades na vida.
Luciana: Mas o que me deixa triste é que são poucas pessoas que valorizam o nosso trabalho feito aqui fora. Muita gente de lá, ri de nós, acham graça do nosso jeito de falar, de andar, de se vestir...
Cassiano: Muitos acham que tem o direito de explorar a gente...
Luciana: Falando nisso, olhem lá! Vem chegando alguém... e parece ser de lá...(Todos ficam bem perto uns dos outros. Ângelo chega onde eles estão e fica de frente para eles)
Ângelo: E aí companheirada, tudo bem com vocês?
Cassiano: Que companheirada que nada. Por que é que teu patrão te mandou prá cá? Prá nos explorar?
Ângelo: Patrão? Explorar? Não! Nada disso! Vocês tem um pouco de água prá beber? Estou com uma sede danada. (uns olham para os outros. Sandra pega sua sacola e tira uma térmica com água e oferece a Ângelo)
Sandra: Pega, pode tomar, a água é bem fresquinha.
Beto: Mas o que faz por aqui?
Ângelo: Meu nome é Ângelo. Estou caminhando estrada afora trazendo uma notícia muito boa para vocês. (Levanta-se, abre os braços e diz bem alto). Hoje nasceu um menino!
Luciana:  Grande coisa, a cada momento nascem meninos e meninas...
Ângelo: Mas este é especial, bom vou ter que continuar  minha caminhada. Se vocês quiserem ir ver o menino, sigam aquela estrela que está brilhando ali no céu. Tchau! (Ângelo sai e todos olham para cima)
Cassiano: Esse Ângelo deve ser maluco. Não vejo nenhuma luz, nenhuma estrela... (Todos voltam a se sentar ao redor das estrelas, Ivan começa a se levantar).
Ivan: Oi turma (Fala meio sem jeito)! É, pelo jeito aprontei uma boa prá vocês hoje!
Sandra: (Se aproximando de Ivan) Oi Ivan! Que bom que estás melhor agora!
Luiz: Tu nos ensinaste uma porção de coisas com o que aconteceu contigo...
Beto: É, ficamos conversando sobre o que acontece com a nossa vida e percebemos que só vamos Ter vida se a gente se ajudar um ao outro.
Luciana: Como é importante ter companheiros e companheiras para se discutir as coisas do trabalho, da vida, planejar o futuro...
Cassiano: Repartir as aflições sem Ter a necessidade de se embriagar e de se drogar.
Ivan: Mas que bom acordar desse jeito. Faz tempo que eu estava esperando mãos amigas para me ajudar. Que bom! Vocês me ajudam e eu ajudo vocês! Assim a gente em conjunto enxerga uma luz que traz vida prá gente!(Ao terminar a fala de Ivan, uma forte luz brilha sobre o grupo).
Luciana: A estrela... a luz...
Cassiano: O menino nasceu...
Beto: Então é verdade...
Sandra: Vamos lá! Vamos ver o que essa luz tem a nos mostrar! (Todos saem correndo. Fecham-se as cortinas. É montada uma estrebaria. José e Maria se colocam em cena. Abrem-se as cortinas)

Cena II
O grupo entra correndo. Trazem em suas mãos pacotes de presente. Param repentinamente de correr e, lentamente, vão se aproximando da manjedoura. Nesta cena  são os gestos que vão transmitir a mensagem.  Cabe ao grupo usar a sua criatividade e expressar o sentimento de Natal com seus próprios gestos. Também por meio de gestos, é feita a entrega dos presentes a Jesus: batata, leite, bolo, casaquinho de lã feito a mão, etc. O gesto final é: todos se abraçam ao redor da manjedoura, formando um semicírculo. Ângelo entra em cena.
Ângelo: Mas que bom encontrar vocês aqui. Eu sabia que vocês iriam enxergar a luz da estrela de Natal. Que bom que vocês pegaram parte do seu tempo para vir aqui, visitar este menino. Estou vendo que trouxeram presentes para ele! Com certeza são coisas que vocês mesmos produziram. O menino vai ficar contente com tudo isso. Que gesto maravilhoso é este que vocês demonstraram hoje. E que bom, que vieram vocês todos! Que bom que trouxeram o Ivan junto, mostrando seu valor! Vocês querem saber nome do menino? É Jesus! (Logo depois o grupo canta: Uma outra canção de Natal).

Uma outra canção de Natal
A cada momento que passa, no passo do que há de vir,
Mais claro ainda fica o rumo que vamos seguir.
Uma estrela vai se acender para que a esperança
Não morra e faça nascer de novo a criança.
E em meio aos que eram famintos, muito pão vai sobejar.
As vinhas cederão seus frutos para nos alegrar.
E a terra será lugar prá  trabalho e festanças,
E livres poderão crescer todas  as crianças
O cativeiro ficará apenas na memória .
Do povo de boa vontade numa nova história.
Pois um dia uma estrela caiu no curral.
É Natal! É Natal!
É Natal! É Natal
FIM


Natal 33

DA ESTREBARIA PARA O DIA DE HOJE
Autor: Pastor Egon Drewlo e  uma jovem da juventude de Ajuricaba

Um repórter entrevista várias pessoas na rua, questionando-as sobre o sentido de Natal. O repórter pode ser o narrador de todo o teatro. Se fosse possível, essa pessoa deveria expressar-se naturalmente, não dependendo nem detendo-se em manuscritos.
Cenário: Primeiro, o palco poderia ser dividido em duas cenas paralelas. Numa metade do palco, o repórter estaria fazendo as entrevistas, enquanto que na outra m
possível montar cada cenário separadamente, inventando algo criativo para o tempo em que as cortinas necessitem permanecer fechadas. O quarto cenário também pode ser montado durante uma cena, com a cortina metade fechada ou separadamente.

Personagens:

Repórter

Um senhor idoso
Uma dona-de-casa
Uma criança
Um comerciante
Jovens cristãos (3)
Um jovem
Um policial
Uma família com pai, mãe, filha e filho
Sr. Raimundo – sem-terra
Marli
Carlos
Ricardo
Paula


Repórter (R): Estamos mais uma vez escutando a voz do povo a respeito de um assunto que todos conhecem. Estou falando da época que estamos vivendo. Todos estão em plenos preparativos para o Natal. Anos vão se passando e algumas pessoas questionam: o que é REALMENTE o Natal, o que isso SIGNIFICA? Por esse motivo resolvemos escutar a opinião de muitas pessoas e ver o que elas acham que é o Natal.
Bem, vejamos as opiniões. Vamos conversar com aquele Sr. que vem vindo. (Aponta para o Sr. idoso que vem se aproximando. No encontro com cada personagem deve se improvisar alguma saudação que explique o motivo da entrevista. Enquanto ocorre a entrevista, outras pessoas devem ficar passando por perto. Talvez um ou outro querendo aparecer na televisão, outros passando e mostrando interesse)
Repórter: Poderia me dar um pouquinho da sua atenção?
Idoso: Pois não, do que se trata?
Repórter: Para o Sr., o que é realmente o Natal? O que o Sr. pensa a respeito do assunto?
Idoso: Ah! Meu jovem! Natal de verdade era aquele de antigamente. Agora nem se  quer parece mais ser Natal. Antigamente, todos se reuniam, tinham tempo para conversar... Lembro que na noite de Natal acontecia aquela festa...(nostálgico). Geralmente havia um pinheiro todo enfeitado... também se ia para a igreja, ver a apresentação das crianças... É, a gente ia, toda a família, era tão lindo... Hoje, nem sei onde estarão os meus filhos, estou só... sem ninguém (pegando lenço, enxugado as lágrimas que começam a brotar, sai caminhando cabisbaixo. O repórter ainda lhe acena).
Repórter: Feliz Natal! (em seguida procura outra pessoa para entrevistar) Boa-noite, Sra. Posso perguntar-lhe o que é o Natal?
Dona de casa: (Cheia de compras de supermercado e presentes)Nem me fale... é aquela correria... comprar presentes para todo mundo, providenciar na ceia de Natal, arrumar a casa, enfeitar o pinheiro, sabe de uma coisa? Eu dou graças a Deus quando isso acaba e podemos voltar a velha rotina. Veja, que por mais que eu procure me antecipar nos preparativos, sempre os últimos dias são tumultuados... é uma verdadeira loucura! Por falar nisso, vou andando, pois tenho muito a fazer e estes pacotes estão cada vez mais pesados.
Repórter: Obrigada, senhora e Feliz Natal! ( Em seguida faz um comentário para a camera, que realmente os dias parecem ser mais tumultuados, pois as lojas estão lotadas de pessoas que escolhem presentes. Em seguida aborda uma criança).  Vamos ver o que este garoto (ou garota) tem a nos dizer sobre o Natal! E prá você amiguinho/a, o que é o Natal?
Criança: Sabe, eu esperei o ano todo por isso, nestes dias tudo é maravilhoso, o melhor de tudo é passear pela cidade, ver as lojas enfeitadas com pinheirinhos, presépios e algumas tem até Papai Noel que distribui balas. Em casa a gente ganha presentes, eu adoro isso.
Repórter: Está bem, meu/minha garoto/a, obrigada...tchau! (Aproxima-se de um  comerciante) E para o Sr., o que é o Natal? O que o Sr. faz?
Comerciante: Bem, eu sou comerciante...
Repórter: Ah, então o Sr. deve estar feliz nesta época de muitas vendas! Mas, o que é o Natal para o Sr.?
Comerciante: Olha, nunca parei para pensar no assunto, só sei dizer uma coisa: é uma época em que a publicidade explode. As vendas aumentam bastante, apesar da crise... e tudo isso fortalece a economia. No meu ramos é isso que realmente precisa acontecer. Assim, sou um homem realizado. Eu procuro oferecer produtos que agradem a todos e aumentar assim meu faturamento. Não sei profundamente o que é o Natal, mas sei que com os lucros desta época até durmo melhor...
Repórter: Ok! Obrigado! (E agora vira-se e fala para a câmera) Senhores telespectadores, estamos nas ruas de nossa cidade para ouvir do povo acerca do Natal e não esqueças os melhores presentes estão na casa Serrana... E fique aqui para ficar melhor informado... Vamos falar agora com esse/a jovem que se aproxima... Ei, cara, prá você, o que é Natal?
Jovem: Sabe, bicho, eu só sei de uma coisa: são dias que a gente pode curtir à beça. Fazer aquela festa e se divertir prá valer, sem essa de ficar em casa, só amassando o sofá... o jeito é agitar a sair a mil por aí. Depois que a gente tá meio “alto do chão” é tudo muito legal, parece que a gente tá no céu.  Tô com todo programa montado com minha turma, nós vamos agitar essa cidade nestes dias, mesmo se o coroa quer que a gente fique em casa... com esse papo careta de reunião de família... Valeu cara,  tchau!
Repórter: Tchau! (para a câmera) Olhem só, estão todos mesmo se preparando para o feriadão e queremos avisar aqueles que viajarão deixando a cidade: comunicado da rodoviária nos alerta que estão sendo colocados ônibus extras para a praia, mas não perca tempo vá logo comprar sua passagem para evitar desgostos de última hora... (Vendo um policial que ali caminha diz:) Vamos ouvir agora, este representante da lei e da ordem. Seu guarda,  op que é Natal para o Sr.?  São dias como outros em sua profissão?
Policial: São dias que as pessoas esquecem que devem ser prudentes e cuidadosas, são dias que, segundo dados estatísticos, ocorre o maior número de acidentes nas estradas. Todos querem ser donos das estradas e não respeitam pedestres e sinalizações, assim, dias que deveriam ser de festa, acabam sendo dias de dor e sofrimento para muitos. Eu gostaria de deixar meu apelo, aos senhores telespectadores para que tomem cuidado e tenham realmente boas festas!
Repórter: Bem, depois dessas opiniões os senhores podem ver que cada um tem a sua idéia a respeito do Natal. Poderíamos reunir centenas de pessoas e cada uma teria uma idéia diferente. Continuem conosco, voltamos após os comerciais. (Fecha-se metade da cortina. Neste tempo, com a cortina  metade fechada, prepara-se o cenário para  a terceira cena, no mesmo espaço que o repórter ocupava)
Filha: (Família, assistindo televisão, numa sala de estar) Puxa, mãe, lembrei-me que ainda não comprei um presente para minha amiga. Que mancada... já pensou se esqueço?
Mãe: Mas minha filha, nessa época de crise não se pode dar presente a todo mundo. Temos que nos deter em presentear os amigos mais achegados e parentes. Mande um cartão que além de ser muito mais comunicativo é também mais barato...
Filha: Eu pensei nisso mãe, mas é que eu economizei bastante nos últimos tempos. Não vai ser preciso pedir dinheiro pro papai, eu me arranjo.
Mãe: Manuel, não se esqueça do pinheiro.,
Pai: Não te preocupes, eu sei o que isso significa. Antigamente era a maior festa enfeitar o pinheiro, era divertido, eu adorava. Quero proporcionar essa alegria para meus filhos, nem que tenha que procurar um pinheiro lá nos confins da colônia.
Mãe: Você tem razão. Sem pinheiro, Natal não é Natal. Por falar nisso, vou arrumar também o presépio, para que minhas amigas possam vê-lo. Quero deixá-las babando de inveja com a decoração do presépio e da própria casa... Tenho algumas idéias que vão ficar uma beleza.
Filho: E por falar em Natal, o que vou ganhar de presente? Será que já esqueceram que me prometeram uma moto se eu passasse de não? Eu cumpri minha parte, espero que cumpram a promessa de vocês.
Mãe: Eu sei meu filho, mas tu também sabes que ninguém anda em condições financeiras boas, mas eu nunca deixei de cumprir meus acordos. O consórcio está quase todo paga e pode ser que até o Natal, a moto saia para nós.
Filha: Sabe de uma coisa! Vamos dormir que está ficando tarde, amanhã temos que levantar cedo. Além de tudo, esse programa está chato. Imagine só, ficar ouvindo esse papo furado , tem cada opinião... só vendo prá acreditar.
Filho: Eu vou ficar assistindo. Vou trocar de canal prá ver se encontro algum filme para assistir. (Fecham-se as cortinas. Abre-se a cortina, com o cenário da realidade dos sem-terra. Seu Raimundo com crianças maltrapilhas agarradas em suas pernas  e uma mulher).
Repórter: Senhores telespectadores, neste meio tempo nos deslocamos com nossa unidade móvel aqui para o interior de nossa cidade onde encontramos seu Raimundo e sua família. Sr. Raimundo, para o Sr. e sua família o que é o Natal?
Raimundo: Buenas, Natal sempre foi uma alegria no tempo em que nós tinha nossa terrinha. Nós se alegrava de festejar o aniversário de Jesus mesmo que modestamente. Hoje temos somente as mãos calejadas e trabalhar para os outros.
Repórter: O que vem a ser essa construção? (apontando para um telhadinho)
Raimundo: Ali a gente se reúne quando vem o pastor ou o padre. Nos reunimos e lemos a Bíblia,  aí a gente fica sabendo que Deus caminhou com seu povo para a terra prometida... e terra prá nós é vida.
Repórter: Mas, Sr. Raimundo, o governo já está cuidando  da situação de vocês...
Raimundo: É, mas todos se vendem e nós não temos dinheiro prá comprar alguém para defender nossas idéias.  Estamos no deserto, é o que lembro do último estudo bíblico. Mas temos que passar por esse deserto, Jesus está bem perto de nós, ele também nasceu pobre e em dificuldades. Por isso nós não podemos desanimar. O pastor disse que o Advento é a chegada de Jesus ao mundo... que ele veio e virá... Para nós aqui no acampamento, Advento e Natal é esperança de vida, vida que para nós é terra. (num ato de desprezo, o repórter o interrompe               
Fazendo um gesto rápido e pedindo os comerciais. (Fecham-se as cortinas pela metade e abre-se o lado que estava sendo preparado. Um barzinho de gente jovem, com som e bebidas)
Marli: (Chegando no bar enquanto que os outros três já estão numa mesa) Que bom encontrar vocês, desde que terminou a aula na faculdade nunca mais encontrei a turma... Os fins de semana estão uma chatice, nem parece que estamos de férias.
Paula: Ora, pare de reclamar, é só passar estas festas que o pessoal volta. Nestes feriados de Natal todo mundo vai ver os familiares, por isso quase não encontramos ninguém...
Carlos: Parece que foi ontem a última festa de Natal... Uma festa que todos saíram do chão...
Ricardo: Vocês assistiram aquelas entrevistas na televisão?  O repórter perguntava o que significa Natal prá cada um...
Carlos: Mas sabe, eu nunca tinha parado prá pensar. Este programa até chamou minha atenção. Lá em casa, por exemplo, tá a maior bagunça. É empregada prá todo lado, lavando, pintando, arrumando os móveis, redecorando a casa... Eu nem consigo me sentir bem no meu quarto... A mãe tem mania de revirar a casa todos os ano nessa época. Só prá dar aquele tradicional jantar de família... Os parentes próximos vêm... e nos obrigamos a fingir que está tudo bem... Eu fico imaginando de onde eles tiram aquela cara-de-pau...
Marli: Qual é, cara, deu uma de moralista agora? Desde quando tu ficas encucado com problemas familiares?
Ricardo: É todo mundo acaba, um dia, caindo na real, mas acaba mesmo é na fossa... Pois quando se tenta mudar alguma coisa, acaba-se esbarrando num monte de gente. E na maioria da vezes, ficamos cá com nossos botões... Somos forçados a deixar o mundo rolar...  O coroa lá de casa tá em cima de mim: “Quando você vai virar gente? Crescer e ser alguém?”
Paula: É mesmo, muitas vezes fico me questionando sobre tudo que me rodeia, mas existe tanta coisa que acaba sufocando a gente! Todos pensam que nós jovens não temos objetivos na vida, mas não nos deixam perseguir nossos intentos..., nem querem conhecê-los... querem nos moldar ao modo de todos viverem...
Marli: Pôxa, gente, que papo mais baixo-astral! Eu vim aqui para arejar a cuca e vocês acabam me encucando ainda mais! Isso é papo prá se levar só daqui a alguns anos...
Ricardo: Bom, prá agradar gregos e troianos, já que a gente não consegue mudar a coisa... que tal darmos umas voltinhas... vocês topam?
Todos: Vamos! (Fecham-se as cortinas e reaparece o repórter)
Repórter: Senhores telespectadores, agora queremos ouvir os jovens da igreja cristã, que previamente contactamos para este encontro e diálogo. Eles querem nos clarear as idéias a respeito do significado do Natal, com um fundamento bíblico-teológico, pois o fundamento cristão está muitas vezes deturpado pelos anos e falta de esclarecimentos.
Jovem 1: Senhores e senhoras, vimos até aqui nessa reportagem, cenas onde o verdadeiro sentido de Natal está quase ausente. Estas cenas nos mostraram que o sentido do Natal se perde em coisas e costumes, os quais além de serem afazeres desgastantes, deixam de ser refletidos em seu verdadeiro sentido e acabam deturpadas pelo comércio e a exploração.  Por exemplo, o verde da árvore de Natal significa esperança e presença de vida – tal como na primavera. Para nós, são esperanças e vida proclamadas por Jesus Cristo, o Senhor do mundo.
Jovem 2: (Pegando o microfone). Também gostaria de dizer que existem muitas pessoas que usam colocar na porta a coroa de Advento. Seja em escritórios e estabelecimentos comerciais. Creio que muitos não sabem o que significa. Com esta decoração estamos anunciando que o Senhor, ou o menino nascido na estrebaria e à margem da sociedade daquela época e à margem nos dias de hoje também, tem um reino infinito, ele é o Rei deste mundo apesar de rechaço e repúdio da estrebaria e da cruz. (Faz um gesto de quem falou e disse e entrega o microfone ao repórter).
Repórter: Senhores e senhoras, estamos aqui para saber mais  e queremos ouvir o que a igreja tem a dizer acerca do Natal!
Jovem 3: Nós vemos que muitas pessoas que se dizem cristãs não vivem a “boa nova de alegria”  proclamada pelos anjos aos pastores, porque separam a sua vida cotidiana da sua fé. Deixam Deus na estrebaria e na cruz sem entender que isso não foi por acaso, Deus quis falar para dentro de uma realidade que apresenta esses fatos diariamente – Deus, em seu filho condenou estas realidades – não as justificou ou relevou!
Jovem 1: Mas nós reconhecemos através da fé que temos que o Natal tem caráter de festa e alegria, porém, sem deturpação do seu sentido. Esta alegria não pode nos levar a esquecer os problemas que afligem nossa sociedade e os menos favorecidos.  Como o caso de Raimundo, que por causa da ganância, em última análise, foi largado em sua situação.
Jovem 2: Por isso, nós cristão e cristãs que convivemos nesta sociedade, também o Natal significa arrependimento.  Natal é transformação na vida em palavras e ações diárias.
Jovem 3: Vejam bem, Deus veio ao encontro de sua criatura e do mundo. Isto é amor e por isso somos motivados e convidados a amar não só nossos convivas, mas principalmente, aquele que é feito pela sociedade, um pequeno, um insignificante.
Jovem 1: Gente querida, Natal apesar de tudo que nos oprime e entristece é um convite para alegria. Alegria que se dá e se oferece nos 365 dias do ano.
Jovem 3: Para nós, o que Cristo  revelou é o amor que tem por nós, antes de podermos agir, antes de podermos amar ele já amou primeiro.. Por isso o Natal também é um convite à gratidão.
Jovem 2: Pensem nisso... e não esqueçam do Natal nos 365 dias do ano.
Repórter: Temos que encerar agora senhores e senhoras. Desejamos a todos um Feliz Natal!


FIM

Natal 32

A OFERTA DO PASTORZINHO

Autor desconhecido

Personagens:

Pai – Jonas
Mãe
Rute – filha (8 anos)
Ester – filha( 14 anos)
Simão – filho (11 anos)
Amós – filho(o mais velho)
Pastores
Reis Magos
Maria e José

Observações: Há poucas indicações de cenário, o grupo deve ser bem criativo.  As indicações de idade são uma sugestão, podem ser modificadas, desde que não descaracterizem a família e o contexto)

Rute: Veja, Ester, a luz brilha com mais intensidade agora.
Ester: Parece vir daquele ponto, lá do alto das nuvens.
Mãe: Simão está demorando tanto, nunca ficou fora tanto tempo.
Rute: Mamãe, que poderá ser aquele clarão no céu?
Mamãe: Espero que não seja outro incêndio no celeiro do nosso vizinho!
Rute: A luz não tem a cor da luz do fogo. Veja! É branca e ao mesmo tempo brilhante! Parece um clarão sobrenatural!
Ester: Agora está se apagando!
Mamãe: Meninas, tirem as tigelas da sopa.  Separem a sopa para papai e os meninos!
Ester: (Entrando para ajudar, mas andando como em sonho)
Rute: A estrela brilhante e bela lá está! O clarão desapareceu, mas a estrela continua.
Ester: Tem sido assim durante uma semana. Está baixa e muito brilhante. Mamãe, porque antes não havia estrela naquele lugar?
Mamãe: Talvez só você não tivesse notado. Será que Simão está em alguma dificuldade?
Ester: Não se aflija , mamãe, ele sempre se demora.
Mamãe: Sim , mas sempre está com seu pai e com Amós. Hoje ele está sozinho.
Ester: Ele está a procura da ovelha. Lembra-se que o papai lhe prometera a ovelha, caso ele a encontrasse?
Rute: Sim, para começar seu próprio rebanho.
Mamãe: Eu sei, mas a noite está tão perigosa... Se ele escorregar um pé no barranco, tem tantos precipícios...
Rute: Não o Simão, mamãe. Ele é grande e forte.
Ester: Conheço Simão. Ele não voltará sem trazer a ovelha. O seu grande ideal é ter seu próprio  rebanho.
Mamãe: (Rute está amarrando uma fita no cabelo). Por que você está usando a sua melhor fita, filha?
Rute: Alguma coisa vai acontecer... Eu sei. Eu sei que vai...
Ester: (Na porta, olhando para fora) A luz se foi mesmo. A estrela, porém, brilha mais do que nunca. Mamãe! Olhe, Simão vem vindo!
Mamãe: Você está bem filho?
Rute: Que traz você embrulhado em sua capa’ É um carneirinho, bem pequenino!
Ester: Dê-me, Simão! Veja uma toalha, Rute, vamos enxugar-lhe o corpo.
Mamãe: Conte-me sobre a ovelha, meu filho.
Simão: Minha ovelha está morta. Caiu na correnteza do rio e afogou-se antes que eu pudesse alcançá-la. Não pude fazer nada.
Mamãe: Não se inquiete, meu filho.
Simão: Eu ia começar o meu rebanho mãe...
Mamãe: Mas você ficou com o carneirinho...
Simão: Que amor, vocês não acham?
Rute: Ele está com fome. Como vamos alimentá-lo?
Simão: Faça uma sopinha de pão com leite. Ah! Como estou cansado...
Mamãe: Vou preparar-lhe um prato de sopa...
Simão: Será que papai vai me deixar cuidar do carneirinho?
Mamãe: Você mesmo pode perguntar a ele... Tome a sopa agora...
Ester: Simão, nós vamos a estrela de novo esta noite.
Simão: Eu a vi também. De todo lugar por onde eu andava, via a estrela!
Ester: Ela estava mesmo sobre Belém?
Simão: Sim, até mesmo bem tarde da noite, quando encontrei o carneirinho.  Ao levantar meus olhos para o céu, lá estava ela.
Ester: O carneirinho quer dormir agora... Veja!
Simão: Como eu queria ter esse carneirinho! Trouxe ele todo enrolado pelo caminho na minha própria capa! Veja, Rute, não é lindo? Ele já me conhece e quer bem.
Mamãe: Você fez muito bem ao salvá-lo!  Olhem, papai chegou!
Jonas (pai):   Nós vimos um milagre!
Amós:  Um milagre mesmo, gente!
Simão: Papai , perdi a ovelha, afogou-se antes que eu pudesse salvá-la. Mas encontrei o carneirinho! Posso ficar com ele? Ele pode ser meu?
Jonas: Sim, meu filho. Pode ficar com o carneirinho. Esta noite eu vi um milagre! Um milagre!
Mamãe: Conte-nos então!
Amós: Cristo nasceu!
Jonas: Vimos uma luz no céu. Uma luz mais brilhante que  o sol, a lua e todas as estrelas dos céus. Uma luz que anunciava o nascimento de Cristo.
Rute: Nós vimos um clarão também!
Ester: E uma estrela sobre Belém, papai! Você viu a estrela também?
Rute: Tudo isso é parte do milagre?
Mamãe: Esperem crianças, o papai precisa jantar. Sente-se, tome sua sopa. Agora, Jonas, comece do princípio. Conte-nos tudo, tudo!
Jonas: Ao raiar o dia de hoje, havia algo de especial no ar. A princípio parecia que tudo corria mal. O rebanho estava inquieto e teimoso...
Amós: Meu cachorro preto machucou a pata...
Jonas: Até a tardinha quando o rebanho está pronto prá dormir, as ovelhas se mostravam inquietas. Os cachorros estavam inquietos, cansados. Os homens estavam cansados também. Benjamim perdeu a sua flauta  e não podia tocar para acalmar o rebanho...
Amós: E quando reinava uma escuridão profunda, a estrela apareceu sobre Belém, a mais brilhante estrela que vimos até hoje.
Jonas: De repente houve uma mudança brusca. O rebanho se aquietou, os cachorros deitaram e ouvimos um canto distante, um cântico cheio de doçura e suavidade. Então um jato de luz veio do céu.
Amós: Brilho diretamente no meio de nós, iluminando tudo ao redor.
Rute:  Não tiveram medo?
Amós:  Eu tive sim, escondi o rosto...
Jonas: Estávamos todos tomados de medo, até que um anjo apareceu no meio de nós e falou.
Mamãe: Jonas, um anjo?
Jonas: Sim, acredite-me!
Mamãe: Que disse o anjo?
Jonas: Ele disse: Não temais, pois eu vos trago novas de grande alegria; hoje vos nasceu, na cidade de Belém, um Salvador, que é Cristo, o Senhor...
Amós: E agora a maior maravilha: Ele disse que conheceríamos o Salvador porque ele estava envolto em panos e deitado numa manjedoura.
Mamãe:  Envolto em panos eu posso acreditar, mas porque motivo ia o Cristo nascer em uma manjedoura?
Jonas: Talvez para que o povo como nós possa conhecê-lo sem temor. Ele é nosso Rei, o príncipe da paz vem para nós e traz boas novas para todas as pessoas.
Amós: Como a profecia?
Mamãe: Então esta criança é o Messias, do qual falou o profeta Isaías?
Jonas: Sim... Eu gostaria que você ouvisse o cântico dos céus!
Amós: Era maravilhoso! (Busca sua capa)
Rute: Gostaria de estar lá!
Jonas: Pusemo-nos de joelho e oramos com a luz brilhando ao nosso redor.
Ester: Nós vimos a luz também, não é Rute?
Mamãe: Onde vão?
Amós: Precisamos ir a Belém!
Mamãe: Mas você não jantou!
Jonas: Vamos adorar o nosso Rei! (Pegando sua capa)
Amós: Todos os pastores vão!
Jonas: Precisamos mesmo dobrar os joelhos e render louvores!
Mamãe: Compreendo...
Amós: O povo virá de toda a Judéia, Galiléia e confins do Egito.
Jonas: Fomos interrompidos no caminho para cá por três homens que cavalgavam camelos. Perguntaram-nos o caminho para Belém, onde estava o novo Rei, apesar de eles mesmo se parecerem com reis.
Amós: Eles vestiam ricas vestes de veludo adornado de prata e levavam presentes.
Mamãe: Presentes?
Jonas: Estojos ricos!
Mamãe: Nós mandaremos presentes também!
Ester: Que daremos a um rei?
Mamãe: Temos este chalé branco e macio para cobri-lo. É feito de pura lã.
Jonas: Ester, traga aquele jarro de mel! Que grande festa será!
Amós: Podemos levar um dos nossos queijos.
Mamãe: Certamente... e há um outro manto, que serve para a mãe do bebê.
Rute: Mamãe, o seu melhor manto!  Você ainda nem o usou!
Mamãe: A mãe do bebê gostará desta cor azul tão suave...
Ester: Eu quero ir também , papai, posso?
Jonas: Pode vir conosco  Ester. Precisamos de muitas mãos para dar-lhes tantos presentes.
Mamãe: A jornada é longa até Belém. Aqui está o queijo para comerem no caminho!
Ester: Mamãe, eu vou levar isso para o bebê...
Rute: Mas estes eram para o bebê de Sara!
Mamãe: Leve-os para o bebê, faremos um outro par para Sara.
Jonas: Estamos prontos. Venha Ester, Amós. Devemos estar lá pela meia-noite. Vamos então nos ajoelhar e dar graças.
Simão: Mamãe, é o Rei de fato um bebê? Como o bebezinho que nasceu a poucos dias lá no vale?
Mamãe: Ele é o Rei dos Reis, porém hoje, ele é somente um bebê.
Simão: Um chalé macio, um jarro de mel, um queijo, um manto azul para a mãe, um par de sapatinhos... Com que brincará o bebê?
Mamãe: Bem, Simão, eu acredito que ninguém pensou nisso...
Simão: Eu também vou a Belém... e vou levar um brinquedo (pega seu carneirinho)
Rute: Simão, seu carneirinho? Mamãe, não o deixe levar! O carneirinho é todo o seu tesouro! Há quanto tempo ele procura ter um carneirinho!
Mamãe: Psst! Rute! Ele deve fazer como manda seu coração...
Rute: Então espere, Simão, eu também vou... (Todos saem e mamãe fica os observando. Fecha a cortina)
 (Em outro cenário)
Maria: Como é seu nome, filho?
Simão: Simão Pedro, filho de Jonas, da Judéia.
Maria: Você trouxe o seu carneirinho para o bebê?
Simão: Eu o ofereço a Cristo, o Rei.
Maria: É um presente fino, Simão Pedro. Eu vou pedir-lhe um único favor: quer tomar conta do carneirinho para o menino Jesus? Ele  é tão pequeno ainda, tão novo,  você não poderia tomar conta do carneirinho  para o menino Jesus?  Cuide-o bem...Um dia você virá para o menino outra vez... (colocando-lhe a mão na cabeça. Apagam-se as luzes)
(Muitos anos depois, Simão aparece crescido. Talvez seja bom usar uma roupa da mesma cor de quando era criança para identificar melhor. Simão sozinho no palco iluminado por uma luz única. Está ajoelhado, orando)
Voz oculta: Perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que a estes? Ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo!  Jesus lhe disse: Apascenta os meus cordeiros!


FIM