A FÁBULA DAS
TRÊS ÁRVORES
Recontada por Angela Elwell Hunt
NARRADOR: Havia,
no alto de uma montanha, três pequenas árvores que brincavam de sonhar o que
seriam quando fossem grandes. A primeira arvorezinha, olhando para as estrelas
que brilhavam sobre ela como diamantes, disse:
PRIMEIRA ÁRVORE: - Eu quero guardar em mim um
tesouro. Quero ser revestida de ouro e ficar cheinha de pedras preciosas. Quero
ser o baú mais lindo do mundo.
NARRADOR:A
segunda arvorezinha olhou para frente e, vendo um córrego que deslizava para o
oceano, desejou coisas grandiosas:
SEGUNDA ÁRVORE: - Quero navegar por mares
imensos e transportar reis e rainhas. Quero ser o navio mais forte do mundo!
NARRADOR: A
terceira arvorezinha olhou para baixo, para um vale, onde homens e mulheres
trabalhavam atarefadamente e disse:
TERCEIRA ÁRVORE: - Eu quero ficar no alto desta
montanha. Quero ser a árvore mais alta do mundo! Quero crescer tanto que todas
as pessoas, que olharem para mim, levantarão os olhos para o céu e pensarão em
Deus.
NARRADOR:
Passaram-se anos. Entre chuvas, ventos e muito sol, as arvorezinhas ficaram
grandes. Certo dia, três lenhadores, com olhos nada ecológicos, subiram a
montanha com seus machados.
O primeiro lenhador olhou para a primeira árvore e exclamou:
1. LENHADOR: -
Que linda árvore!
NARRADOR: Com um
golpe de seu machado reluzente derrubou a árvore mais linda da montanha.
1 - ÁRVORE: -
Agora vou realizar meu sonho. Serei transformada num lindo baú e guardarei, em
mim, maravilhoso tesouro.
NARRADOR: O
segundo lenhador olhou para a segunda árvore e disse:
2. LENHADOR: -
Esta árvore é forte. É perfeita para os meus planos.
NARRADOR: Com um
golpe de seu reluzente machado, derrubou a árvore mais forte da montanha.
2. ÁRVORE: -
Agora vou navegar por imensas águas, transformada num luxuoso navio, para transportar
reis e rainhas.
NARRADOR: A
terceira, agora sozinha, sentiu um aperto no coração quando o último
lenhador olhou para ela.
Estava em pé e apontava para o céu. Mas o lenhador nem olhou para cima.
3. LENHADOR: -
Qualquer tipo de árvore serve para mim!
NARRADOR: Com um
golpe de seu reluzente machado, derrubou a árvore mais alta da montanha.
A primeira árvore pulou de alegria quando o carpinteiro a
arrastou para a oficina. Estava pronta para ser aquilo que sempre sonhou ser.
Mas o rude carpinteiro rapidamente a transformou em cocho para animais. A
árvore, que sonhava-se revestida de ouro
e repleta de tesouros, ficou coberta de serragem e cheia de feno.
A segunda árvore sorriu quando o lenhador a levou para o
estaleiro. Esperou, mas nenhum veleiro foi construído naquele dia. Para sua
tristeza, foi serrada em tábuas e virou um simples barco de pesca. Fraco e
pequeno demais para navegar em mares, o barco foi levado para um pequeno lago.
Todo santo dia voltava trazendo cargas de peixe cheirando à maresia.
A terceira árvore ficou confusa quando o lenhador a cortou
em grossas vigas e a colocou num depósito.
3. ÁRVORE: - O
que aconteceu? Tudo o que sempre quis foi ficar no alto da montanha e apontar
para Deus. Por que, agora, esse depósito escuro?
NARRADOR: Dias e
noites sem conta se passaram. As três árvores esqueceram completamente seus sonhos. Mas, certa noite, uma estrela
derramou sua luz sobre a primeira árvore quando uma jovem mulher colocou seu bebê no cocho.
JOSÉ: - Gostaria
de poder fazer um berço para ele.
NARRADOR: A mãe
apertou a mão dele e sorriu, enquanto a luz da estrela brilhava sobre a madeira
lisa e robusta.
MARIA: - Essa
manjedoura é linda!
NARRADOR: E, de
repente, a primeira árvore se apercebeu de que estava contendo o maior tesouro
do mundo.
Num fim de tarde, um viajante cansado e seus amigos entraram
no barco de pesca. O viajante adormeceu, enquanto a segunda árvore navegava
silenciosamente lago adentro.
Sobreveio uma tempestade com trovões e relâmpagos. O pequeno
barco estremeceu. Ele sabia que não teria forças para transportar, com segurança,
tantos passageiros vencendo a fúria do vento e da chuva.
O homem cansado acordou. Levantou-se, ergueu sua mão e disse
“Paz!” A tempestade parou tão rapidamente como começou.
E, de repente, a segunda árvore se apercebeu de que estava
transportando o rei do céu e da terra.
Na manhã de uma sexta-feira, a terceira árvore espantou-se
quando suas vigas foram puxadas da esquecida pilha de lenha. Assustou-se quando
foi carregada através de uma multidão enfurecida e gozadora. Estremeceu quando
soldados pregaram as mãos de um homem em seu lenho. Neste momento sentiu-se
feia, agressiva e cruel.
Mas, na manhã de domingo, quando o sol nascia e a terra
vibrava com tanta luz, a terceira árvore percebeu que o amor de Deus havia
mudado as coisas.
A primeira árvore ficou ainda mais linda.
A segunda árvore ficou ainda mais forte.
A terceira árvore ficou ainda mais contente, porque todas as
pessoas que se lembrassem dela pensariam em Deus. Esta mudança, sem dúvida, foi
mil vezes melhor do que ser apenas a árvore mais alta do mundo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário