sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Natal 36

ONDE ELE VAI NASCER?

Autor: Gilmar do Nascimento – 1991
Personagens:

Narrador ou narradora
José – operário
Marta – doméstica, esposa de José
Margarida – esposa de empresário
Carla – filha de Margarida
Manuel – operário
Lurdes – doméstica, esposa de Manuel
Prefeito e Vereador
Ana – mulher que recebe José e Marta em sua casa
Ana – mulher que recebe José e Marta em sua casa

Outros personagens anônimos – é importante que estas outras pessoas façam parte da peça, pois ajudam a caracterizar as diferentes situações.

Introdução
Toda obra é uma obra. Porém, vista de um determinado ângulo, de um determinado ponto de vista e de uma determinada realidade. No caso do teatro é muito importante a interpretação e o envolvimento de cada personagem.
Esta obra não está acabada. Cada grupo que quiser fazer teatro deve ter isso em mente. De que tudo é relativo e dinâmico, especialmente no que diz respeito ao teatro popular. Este texto quer ser uma ajuda aos grupos que gostam de teatro. Sintam-se livres para mudar, adaptar, cortar ou acrescentar cenas.
Esta peça conta a história de um casal de um operário e uma doméstica que saíram do interior e foram para a cidade. Lá vivem estrangulados pelo arrocho salarial e pelas dificuldades de uma cidade grande. O primeiro filho vai nascer... Onde? Eis a grande preocupação deste casal e de tantos outros que vivem neste país.
Esperamos que este pequeno ensaio nos ajude a encontrar alguma saída.

Cena I
(Esta parte deve ser lida antes do início da peça. Enquanto o narrador fala esta parte, José e Marta estão sentados na penumbra, já prontos para a cena I. Casa simples.  Quando acendem as luzes, os dois conversam enquanto põem a mesa).
Narradora: Num país muito distante, um povo que outrora vivera feliz, hoje vive em amargura e dor. Por um decreto do governador, as pessoas eram obrigadas a migrarem do interior para as cidades, para servirem como mão-de-obra nas indústrias. José e Marta,  atendendo a este decreto propagandista, também foram para as cidade cheios de sonho. Lá, após o deslumbramento dos primeiros dias, com as vitrines consumistas e o aparente conforto, caem na realidade da vila onde moram. José é operário em uma fabrica e Marta empregada doméstica. Vivem estrangulados pelo arrocho salarial, o alto custo de vida, o aluguel e as dificuldades de uma vila sem infra-estrutura.
O primeiro filho vai nascer... Onde? Eis a grande preocupação deste casal... e de tantos outros que vivem neste país!
Marta: Pois é, José, se continuar desse jeito, nosso primeiro filho vai nascer numa pior... Nem fraldas ele vai ter!
José: Não diga uma coisa dessas, Marta...
Marta: Mas como não vou dizer? É a realidade!
José: É, a situação está difícil... este salário que a gente ganha não dá prá nada.. Se é que dá para chamar isso de salário...
Marta: Falando em salário, o seu Antônio, lá do armazém já esteve aqui prá mais de 10 vezes...
José: O que ele queria?
Marta: Tu ainda pergunta? Ele quer receber o dinheiro dele. Já faz mais de 2 meses que não pagamos o armazém...
José: Sim, eu sei, mas como vamos pagar? Se o que ganhamos não dá... O patrão não dá jeito de pagar as horas extras... a turma até já falou em fazer greve, mas do jeito que tá difícil arranjar emprego... Não sei se vai ser uma boa.
Marta: Este teu patrão é um explorador, isso sim.
José: Eu sei, mas fazer o que? Eu não tenho profissão. Meu pai não podia me pagar o estudo... Se eu perder este emprego, onde é que vou arranjar outro? Já tá ruim viver assim, imagina sem emprego...
Marta:  Mas um pouco mais ele podia pagar...
José: Estou fazendo biscates no fim-de-semana, espero que dê para comprar as roupas do nenê.
Marta: É mesmo,  Zé, o menino está chegando e nós não temos nada de enxoval. O pior é que além de seu Antônio do armazém, veio também  a dona Joana cobrar o aluguel.
José: Só faltava essa... devendo armazém, você grávida e aluguel atrasado...
Marta: Ela disse que vai querer a casa de volta se a gente não pagar. Falou bem alto prá toda vizinhança ouvir.
José: Mas que atrevimento!
Marta: Ela disse que quer receber pelo menos a metade, senão...
José: Senão, o quê? Ela vai botar a gente prá fora?
Marta: Ameaçou chamar a polícia prá fazer a gente sair na marra...
José: Mas, todo mundo atrasa aluguel nesta terra.
Marta: Sim, mas nós atrasamos sempre. Pôxa,  Zé! Eu não quero ter nosso filho de baixo de um viaduto.
José: Nem eu, não fique preocupada, Marta, você não pode se preocupar demais... Amanhã mesmo, quando  sair da fábrica vou procurar mais uns biscates prá fazer.
Marta: Mas você já trabalha tanto! Sai de casa ainda escuro e volta só tarde da noite... A gente quase não se vê. Só nos fim-de-semana...
José:  O que vou fazer, Marta? Quanto mais se trabalha...
Marta: Eu também vou pedir um aumento. Vou falar com dona Margarida amanhã de manhã mesmo.
José: Isso mesmo, não custa tentar.  Quem sabe tua patroa tem bom coração. (Neste ponto é sugerido que José cante ou declame a canção “Lamento Nativo” do hinário da PPL, p. 76).

Cena II
 (Na casa da patroa, Marta está limpando os móveis quando chega Margarida com as filhas, carregando presentes).
Margarida: Vamos Marta, faça alguma coisa. Ajuda a carregar estes pacotes lá para dento. Afinal de contas, para quê estou te pagando?  (Marta pega os pacotes e sai de cabeça baixa).
Paula: Mamãe, e o presente do Júnior?
Margarida: O que é que você quer que eu faça? O menino insiste em Ter a roupa de Power Ranger, o tênis do Power Ranger, não sei o que mais do Power Ranger...
Paula: A gente procurou em tudo que foi loja, mas não encontrou...
Margarida: Pois é, se ao menos ele aceitasse outro super-herói!
Carla: (Gritando) Marta! Traz minha  Coca-Cola!
Margarida: Seu pai ainda vai me deixar louca por esses dias de Natal. Imagina quem ele resolveu convidar para nossa Ceia de Natal!
Carla: Quem mamãe?
Margarida: O gerente geral da fábrica, um tal de Dr. Onofre e ainda por cima o deputado Ferreira e sua esposa.
Paula: Humm! O deputado! Aí tem coisa!
Margarida: Claro que tem. Seu pai está querendo por os pés em Brasília.
Paula: E o deputado vai vir?
Margarida: Sim, por isso temos que fazer uma festa de Natal à altura. Aliás, lembrem-me de pedir para seu pai deixar uns cheques assinados. Acho que com uns dois mil reais dá prá organizar a noite de Natal. (Marta volta trazendo a coca-cola. Entrega-a a Carla e dirige-se a patroa).
Marta: Dona Margarida...
Margarida: O que foi desta vez?
Marta: Eu queria falar com a senhora...
Margarida: Agora não tenho tempo, depois você fala.
Marta: Mas é que eu...
Margarida: Por favor. Marta! Vá fazer um chá e traga também meus calmantes. Estou exausta!
Paula: Mãe, o cabeleireiro é as nove...
Margarida: Ai meu Deus, já ia me esquecendo deste maldito cabeleireiro...
Carla:  (Abrindo um pacote e pegando um vestido novo) Não é chocante?
Margarida: Quem vai ficar chocado é seu pai quando souber o preço.
Paula: Mãe, aqui na lista está faltando...
Margarida: Falta o quê menina, não é só o presente do Júnior?
Paula: Tá faltando um presente para a Tia Claudia e a lembrancinha da Marta
Margarida: O presente da Tia Claudia já comprei na semana passada.
Carla: O que foi que ela pediu?
Margarida:  Um secador de cabelos, desses que foram lançados agora.
Carla: E prá Marta?
Margarida:  Prá ela vou comprar um desodorante.
Carla: Só isso?
Margarida: Claro que não, minha filha. Vou lhe dar também umas roupas velhas que tenho lá na chácara.
Paula: A prefeitura está promovendo o Natal da criança pobre. Vou ver se arrumo umas roupinhas para a criança da Marta.
Carla: É, o menino dela vai nascer no Natal.
Margarida: Tá bom, mas agora vamos lá dentro, conferir nossas compras. (Saem do palco).

Cena III
 (Marta está em casa, arrumando uma mala. José vem chegando cansado do trabalho)
José: Que mala é esta, mulher?
Marta: Não tem mais jeito, vamos Ter que sair da casa amanhã. Até já comecei a ajuntar nossas coisas... (chorando)
José: Esperaí, nem bem cheguei e uma notícia dessas...
Marta: Mas você já sabia que mais dia menos dia isso iria acontecer...
José: Não pode ser...
Marta: A mulher só está exigindo o que é de direito. Ela não tem obrigação de deixar a gente aqui sem pagar...
José: Eu fiz mais uns biscates, ganhei mais uns trocados...
Marta: Quanto, deixa eu ver...(pegando um pequeno maço de dinheiro de sua mão). Não dá nem prá dois  quilos de carne.
José: Mas pelo menos o café da manhã tá garantido.
Marta: (Encostando-se no marido que está sentado).E aí, Zé, o que é que a gente vai fazer?
José: Sei lá! Vamos Ter que fazer as trouxas e sair por aí. Quem sabe algum cristão ajude a gente... e tem o Natal... quem sabe...
Marta: Que é que tem o Natal? Pobre só tem Semana Santa!
José: Mas quando eu era menino o Pastor falou que Jesus nasceu pobre...
Marta: Isso é verdade, Zé. Jesus nasceu na estrebaria...
José: Mas parece que hoje em dia Jesus só nasce nas casa dos ricos! Eles têm direito a fazer Natal.
Marta: Não, Zé. Jesus nasceu pobre, mas os ricos é que se adonaram do Natal, mas não de Jesus. Os ricos só querem o Natal para fazer festa. Jesus eles deixam na estrebaria como antigamente...
José: Talvez você tem razão... E no seu emprego Marta, você conseguiu aumento?
Marta: Que nada. Minha patroa nem quis me ouvir. Disse que depois conversa comigo.
José: Se ela não pode sujar nem estragar sua mãozinhas, então que pagasse um salário mais decente para quem trabalha.
Marta: É, quem trabalha pesado sempre ganha menos...
José: Pois é Marta, aqui estamos nós, sem casa, sem dinheiro e devendo para todo mundo... Me lembro de quando a gente estava lá no interior... lá na roça... por mais difícil que era a situação, a gente tinha o que comer... Aqui nem isso temos...
Marta: Mas a gente não tinha terra e com toda aquela propaganda do governo de que na  cidade tinha trabalho para todos... É, a gente foi enganado mais uma vez...
José: Ruim na colônia... pior na cidade... (Ficam arrumando a mala quando chegam os vizinhos).
Manuel: Boa-noite!
Marta e José: Boa-noite! (Se cumprimentam)
Manuel: Mas, o que houve, estão de mudança?
Marta: Fomos despejados.
Lurdes: Por quê?
José: É por que temos o aluguel atrasado. Eu não tenho dinheiro, ainda não saiu o pagamento.
Manuel: Pois é a coisa tá feia e o pior é que nós não temos nenhuma sobra prá emprestar.
Marta: E pobre lá tem sobra?
Lurdes: Nós até que tinha uma economia, mas o Paulinho ficou doente e gastamos tudo no médico e no hospital
Manuel: Imagina só, pagamos o INPS cada mês, mas quando precisamos...
Lurdes: Não é INPS, é INSS homem...
Manuel: Ah! Isso tudo é a mesma coisa. Trocaram as moscas mas segue a mesma ... Mas como eu tava dizendo, prá conseguir uma consulta tinha que esperar um mês...
Lurdes: E num mês nosso filho já teria morrido.
Marta: Ele ficou bem?
Lurdes: Sim, graças a Deus.
José: Aqui na cidade tá tudo pelos olhos da cara. Daqui a uns tempos vão cobrar até o ar prá respirar.
Manuel: Parece brincadeira, mas a água que Deus deu de graça, nós já temos que comprar. O ar é de graça, por enquanto, mas também, um ar fedido desses... O ser humano é burro mesmo. Primeiro suja tudo para depois gastar um monte de dinheiro prá limpar...
Lurdes: Mas voltando a falar de vocês... quando vai nascer o nenê?
José: Quando vai nascer nós já sabemos, mas onde vai nascer... só Deus sabe...
Marta: Vai nascer no Natal
Lurdes: Que lindo, vai ser um verdadeiro presente de Natal!
José: No começo nós também achava que ia ser um presente, mas agora que perdemos a casa, não sei não.. Este nenê tá se tornando uma preocupação.
Marta: Quase um pesadelo.
Manuel: É, Zé, lembro de quando viemos para a cidade, o salário até que dava prá viver. Mas hoje... Só dá prá comer mal e mal... Roupa, já vai prá dois anos que não compramos nova.
Lurdes: Nós até tomava umas cervejinha  e prás crianças a gente comprava uns refri de vez em quando.
José: Tu tens razão. A sorte de vocês é que não precisam pagar aluguel.
Manuel: A nossa casinha é pequena, mas não chove dentro...
José: Eu tava falando prá Marta, se nós tivéssemos ficado no interior, lá pelo menos tinha o que comer. Agora não temos dinheiro nem prá voltar.
Manuel: Olha Zé, amanhã na Vila vai Ter o Natal da criança pobre. O prefeito e os vereadores estarão distribuindo prêmios.
José: Isso também não resolve o problema. O que adianta um presente no Natal se o ano tem 365 dias? Esses políticos... Ganham o dinheiro do povo o ano todo e não fazem nada para melhorar a situação. Se eles resolvessem o problema do salário e da moradia não precisavam dar esmolas no Natal.
Manuel: Resolver o problema não dá voto.. O negócio é dar uma esmola de vez em quando para que o povo fique vivo e vote neles de novo da próxima eleição.
Lurdes: Também não é assim, tem uns políticos que pensam no povo, mas são a minoria...
Marta: E estes não recebem muito apoio.
José:  Isso é. Dias atrás, na reunião de estudos bíblicos falamos sobre isso e descobrimos que nós também somos culpados pela situação. Nós não nos organizamos e não lutamos. Nós só queremos que os outros façam algo por nós.
Marta: O Pastor falou que na Vila São João eles também não tinham água, mas eles fizeram uma comissão e foram falar com as autoridades e hoje já tem água e esgoto na Vila.
Manuel: Vocês têm razão. Às vezes a gente é muito acomodado.
Lurdes: A gente tem muito que conversar. Mas nós precisamos ir dormir prá amanhã levantar cedo e ir trabalhar.
José: Nós também. Precisamos encontrar uma outra casa prá morar. (Manuel e Lurdes se despedem)

Cena IV
(È outro dia. O prefeito e os vereadores estão distribuindo presentes para as pessoas da Vila Trapo. José e Marta que não encontraram casa estão passando pela frente. Sugere-se aqui, de fundo musical, por alguns instantes, a música Massa Falida).
Prefeito: Minhas senhoras e meus senhores! Aqui nos reunimos mais uma vez para homenagear nossas crianças. Para isso, trouxemos um pequeno rancho para as famílias carente e alguns brinquedos para as crianças do Bairro. Com este ato queremos demonstrar que a administração municipal, juntamente com a Câmara de Vereadores, aqui representada pela pessoa do seu presidente, está voltada para os carentes de nosso município. Assim como Jesus veio para ajudar o povo, a prefeitura está aqui para auxiliar os mais fracos. Nos alegramos em poder fazer isso. Pois uma das promessas da nossa campanha era possibilitar que todos tivessem um dia o seu Natal. Aqui estamos cumprindo a nossa promessa. Tenho dito. (Aparecem pessoas recebendo os sacos de comida e crianças recebendo os presentes. Fundo musical: Massa Falida).
José: Isso é tudo conversa fiada.
Marta: Nem esgoto e água encanada tem na Vila. Se eles quisessem fazer algo pelos carentes, deveriam primeiro se preocupar com coisas mais importantes e não com esmolas. Água e  esgoto, isso sim, foi promessa de campanha.

Cena V
(Apagam-se as luzes. Há uma vitrine. José e Marta estão passando e observando a vitrine enfeitada para o Natal. Alguém passa e esbarra em Marta).
José: Povo sem educação.
Marta: Eles pensam que são os  donos do mundo...
José: E sempre andam correndo, apressados...
Marta: Apressado tá o menino aqui. Desde esta noite está se movimentando diferente, querendo sair...
José: Eu só queria uma casa para morar, não queria nada dessas bugigangas que o pessoal tá levando para casa.
Marta: Eles compram até sabonete para cachorro. Quando nós tava na colônia tomava banho com sabão  comum e também ficava limpo.
José: É, mas pensando bem, tem até umas coisas bonitas de se ver!
Marta: É só prá ver mesmo, porque a gente só pode olhar e nada mais.
José: (Apontando para a vitrine) Veja, Marta! Aquela bicicleta eu ajudei a montar, foi um dos meus biscates.
Marta: E a gente anda a pé. (sentam-se na beira da calçada = palco).
José: Tanta coisa a gente produz e nada podemos ter. O que a gente dá de lucro por dia eles pagam por mês. Você tem razão quando diz que pobre não tem Natal.
Marta: Zé, vamos andando. O menino quer nascer e nós não temos onde dormir. Vamos ver se a gente acha um lugar para ficar, pelo menos esta noite. (Saem caminhando. A luz é apagada. Sugere-se aqui a música Migrante como fundo musical).

Cena VI
(Pequeno barraco. Marta e José estão lá dentro com as pessoas da casa. Marta está segurando um bebê).
Marta: Ah! Que alívio! Eu não tenho como agradecer a vocês.
José: Não fosse a caridade de dona Ana, nosso filho teria nascido na rua...
Ana: Não tem o que agradecer não, gente. E depois, como é que eu ia deixar vocês nessa situação?
Marta: Mas será que não estragamos sua festa de Natal?
Ana: Estragar meu Natal? Olha, eu vou contar um segredo para vocês. Quando vi vocês desesperados, sem ter prá onde ir e Marta quase tendo se bebê, eu pensei cá comigo: Será que eu posso ter um Natal feliz, ficando de braços cruzados? Aí eu disse prá mim mesma: esse é o Menino Jesus que tá querendo nascer aqui na minha humilde  casinha.
Marta: Menino Jesus?
Ana: Sim, o Menino Jesus em carne e osso!  Esse magrelinho  aí que você botou no mundo.
José: Mas como nosso filho pode ser o Menino Jesus’
João: Deixa que eu explico: olha, Deus veio ao mundo em Jesus Cristo. Uma criança que nasceu em meio á pobreza e tornou-se o Rei do mundo. Quando todos esperavam um rei soberano, Jesus nasceu humilde. Deus fez isso em protesto contra os poderosos que pensavam ser os donos do mundo porque tinham poder e massacravam os humildes. Deus fez seu Filho nascer humilde e o tornou Rei soberano, mas os poderosos não entenderam a mensagem de Deus e crucificaram a Jesus.
José: Sim, mas o que isso tem a ver com nosso menino?
João: Hoje, cada criança que nasce em meio á pobreza e miséria,  como Jesus, é sinal de que o ser humano ainda não entendeu a mensagem de Deus, pois ainda permitem que crianças nasçam em condições de miséria, causada pela injustiça social. Por isso, seu filho é um Menino Jesus.
Ana: É verdade Marta. Por isso nossa morada hoje, se encheu de luz, por causa do menino. Não se preocupem, vocês não estragaram o nosso Natal. Vocês vieram dar sentido ao nosso Natal, isso sim. Nós estamos felizes.
Marta: Mais feliz que eu a senhora não tá não!
José: É o nosso primeiro filho...
Marta: Menino que vem  numa hora difícil, cheia de medo...
Ana: E de esperança também, Marta. Esperança de que um dia todas as portas serão abertas e todas as pessoas vão se unir numa só corrente, cantando, gritando, sorrindo, vivendo o Natal!
José: AH! Nesse dia todos serão felizes de verdade.
Marta: E por que não fazer festa hoje? Graças a deus, nosso filho nasceu, Dona Ana e seu pessoal nos acolheu, hoje é Natal!
José: É verdade, os pobres já estão se unindo, então é sinal que o Natal de fato está chegando!
Ana: Vamos festejar! Que todos cantem conosco! (Canta-se o hino: Que estou fazendo se sou cristão. Se houver um grupo de canto ou coral para auxiliar a comunidade nesta parte seria bem-vindo).

Que estou fazendo se sou cristão? /Se Cristo deu-me o seu perdão?
Há muitos pobres sem lar, sem pão./ Há muitas vidas sem salvação.
Mas Cristo veio prá nos remir. /O homem todo sem dividir
Não só a alma do mal salvar / Também o corpo ressuscitar

Há muita fome no meu país/ Há muita gente que é infeliz
Há criancinhas que vão morrer/ Há tantos velhos a padecer
Milhões não sabem como escrever/ Milhões de olhos não sabem ler
Nas trevas vivem sem perceber/ Que são escravos de outro ser

Aos poderosos eu vou pregar/ Aos homens ricos vou proclamar
Que a injustiça é contra Deus/ E a vil miséria insulta os céus
Se Cristo deu-me o seu perdão/ Que estou fazendo se sou cristão?


FIM


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