ACAMPAMENTO NO
Natal
Personagens
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1 - Luciana
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2 - Gelson
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3 - Mara
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4 - Vando
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5 - Clarice
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6 - José
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PRIMEIRO ATO
ESTÃO TODOS SENTADOS
NO CHÃO CONVERSANDO LACONICAMENTE. ENTRA JOSÉ.
JOSÉ: Olá
pessoal! Tudo bem? Ehhh … que caras são estas. Vamos lá gente, ânimo! Nós
estamos em férias, pô! Alegria!
LUCIANA:
Alegrar-se com quê? Isto tudo está um saco. Fazer o quê numa cidade como esta?
JOSÉ: Mas também
não é assim ...
GELSON: Como não
e assim? É, tu tens razão. Não é assim, é pior.
CLARICE: Já que
tu não concordas conosco, dá-nos uma sugestão melhor!
JOSÉ: Eu não
entendo vocês. Nas aulas queixavam-se da falta de tempo. Vieram as ferias. E
agora? Agora queixam-se de não ter nada para fazer. Ah, tenha dó. As coisas
estão aí, é só fazer. Depende de vocês.
MARA: Mas então
dá uma idéia.
JOSÉ: O que vocês
vão fazer neste fim-de-semana?
CLARICE: Eu? Que eu saiba ... nada.
VANDO: Eu tô
livre.
GELSON: O que
vier morre.
JOSÉ: Falou. Que
tal irmos acampar? Conheço um lugar que e um espetáculo.
TODOS: É isso aí,
cara!
LUCIANA: Calma
gente. (TODOS RESMUNGAM AO MESMO TEMPO). Deixe-me falar poxa! O negócio é o seguinte:
este fim de semana é Natal. E Natal é … Natal é … é;;. Natal é Natal.
JOSÉ: Mas existe
algum problema em ser Natal?
LUCIANA: Existir
não existe. Mas vocês sabem como é …Lá em casa, por exemplo ...
JOSÉ: Ta certo,
tá certo. (irônico) Então vamos ficar em
casa e abrir os presentes. Cantar Noite
Feliz, Jingle Bells, etc., etc. Ah! Não. Estou cheio disto
tudo. Isto é Natal? É? Pois se é, eu não entendo mais nada.
CLARICE: Eu estou
contigo. Fico com o acampamento. Alguém por acaso tem outra idéia ou é contra
esta? Não? pois então está tudo combinado. Até sábado, e ânimo, pessoal!
SEGUNDO ATO
MARA: Puxa, mas
isto aqui é lindo mesmo! Este verde, esta mata, esta água limpa … isto aqui é o
máximo que se podia desejar. Se eu tivesse grana suficiente, eu compraria isto
aqui. Deixaria de lado aquela porcaria de vida na cidade e viria morar aqui,
para sempre.
VANDO: Eu também.
Se ganhasse na super sena eu compraria este lugar. Não precisaria nem ser este,
mas um lugar que tivesse ar puro, matas, rios limpos e assim por diante.
JOSÉ: Eu não.
Para mim o ideal seria ter uma fazenda onde pudesse ter o meu cavalo e poder
criar os meus bois e as minhas vacas …
LUCIANA: Ah, para
Zé. Viver rodeado de bois e vacas. Que é isto. Eu quero coisa melhor. Algo que
me dê satisfação. Que me dê conforto. Assim como, como … como uma casa bonita,
um baita carro, piscina e um monte de outras coisas.
MARA: Pessoal,
será que a gente não está se esquecendo de algo mais importante?
GELSON: Mas é
claro que sim. Foi muito bom você ter lembrado Mara. O que adianta tudo isto,
se a gente está só? Para mim o mais importante nisto tudo, é conhecer pessoas.
Por isto iria comprar um iate e começar a viajar. Percorrer o mundo, conhecer
novos lugares e novas pessoas.
MARA: Não. Eu me
refiro a algo mais importante.
JOSÉ: Mas o que é
que você está querendo, afinal? O que é mais importante para você? O que é mais
importante que isto? Ah! Já sei o que vais dizer: a Felicidade. Olhe Mara, isto
tudo não precisa ser a felicidade, mas ajuda a alcançá-la
MARA: Vocês não
tem jeito mesmo. Quem foi que disse que estava cheio disso tudo? Quem foi que
estava cheio desta vida materializada, desta correria? Quem foi que estava
cheio do Natal comercializado?
Quem é que estava enjoado da rotina? Quem foi que disse?
Quem? Todos! Um por um se queixou destas situações. Ninguém parou para pensar
porque este mundo é assim. Todos apenas se lamentam, e resolvem fazer um
acampamento. E neste acampamento sonham em ter tudo aquilo de que estavam fugindo.
Olhem, eu não entendo vocês. Que é que vocês estão querendo, heim?
VANDO: Mas também
não tanto assim Mara. A gente só estava fugindo de um Natal que não representa
mais nada hoje em dia.
MARA: Ah! Não
representa mais nada, não é? Mas é claro que não vai representar nada enquanto
nós ficarmos aí fazendo acampamentos para não precisarmos nos envolver com a
coisa.
GELSON: Espera um
pouco, Mara. Eu não concordo muito com você.
MARA: Não concorda,
não é? Mas então, o que é Natal para ti? Vamos, diga.
GELSON: Bom...
eu... ah, eu não sei.
LUCIANA: Olhe, eu
não sei. Mas quando a gente era pequeno o negócio era diferente. Ali o Natal
ainda tinha algum significado. Qual, eu não sei. Mas que tinha, tinha. Hoje a
coisa é só festa e mais festa. Nada mais do um mero feriado no calendário.
CLARICE: É isso
aí, Lu. Fecho contigo.
MARA: Mas porque
o Natal hoje é colocado nestes termos? Será que não somos nós os culpados?
JOSÉ: Ah, não!
Olhe, eu só tenho 18 anos. Como posso ter culpa de uma coisa que já vem há
séculos? E depois, eu não sei não, se o Natal é para ter este significado, que
todo mundo diz por aí. Acho que ele deveria acontecer todos os dias e não ser
um dia isolado.
CLARICE: Mas que
significado Zé?
JOSÉ: Não sei,
pombas. Talvez seja que Cristo nasce no Natal. É, é isto mesmo: que Cristo
nasça em cada Natal.
MARA: Pois então
mãos a obra. O negócio é fazer alguma coisa.
VANDO: Fazer o
quê, Mara? Quem somos nós para modificar a sociedade.
MARA: E quem
falou em transformar a sociedade. Mas pelo menos vamos fazer algo por aqueles
que precisam de apoio, de ajuda, de força, de comida, de fé. Enfim, vamos
ajudar aqueles que estão numa pior.
GELSON: Olhe
Mara, estas, tuas palavras fizeram-me lembrar de uma poesia que há muito tempo
atrás eu ouvia, mas não entendia o seu real significado.
CLARICE: Mas que
poesia é esta, Gelson. Diga-a para nós.
GELSON: Ah! Eu
não tenho jeito para isto...
LUCIANA: Qual é,
Gelson, não vai querer serpentina agora, não é?
GELSON: Tá bom.
Se vocês prometerem não me gozar eu conto.
MARA: Tá legal.
Conta, então.
GELSON:
Menino Jesus, onde estás? Sumiste.
Vazia está a tua manjedoura.
Onde só estão o boi e o asno...
Vejo Maria, tua mãe, e José, de mãos dadas,
Vejo os reis magos no longínquo Oriente,
Mas, a ti eu não consigo achar:
Onde estás, Menino Jesus?
Maria está preocupada, procura-te em toda parte
Lá fora entre os pastores,
Por todos os cantos do curral...
José, o pai procura no pátio,
Olha até dentro do poço...
Até o Rei mago, ele fica pálido de susto.
Todos te procuram e te chamam:
Onde estás Menino Jesus?
Os reis se foram... mal dá para vê-los pequenos, lá longe,
no horizonte.
Os pastores voltaram ao campo...
Eles não vêem mais a estrela.
A noite vem escura e fria; a luz se foi...
Os pobres suspiram: Não, não, este não foi ele.
Mesmo assim ainda gritam:
Onde estás, Menino Jesus?
Estou no coração dos pobres, completamente ignorados. Estou
no coração dos doentes que vivem na pobreza e na solidão.
Estou no coração dos ateus sem esperança.
LUCIANA: Legal
Gelson. Sensacional mesmo.
MARA: Mas isto é
lindo, cara
CLARICE: Olhe
pessoal, já que a gente entrou neste papo e neste assunto, porque a gente não
pensa em fazer algo, que realmente tenha sentido.
JOSÉ: Gostei da
idéia. Mas o que poderíamos fazer?
VANDO: Antes a
Mara falou de a gente fazer algo por aqueles que estão precisando, eu particularmente
opto por algo assim.
MARA: Eu dei a
idéia e fico com ela. Eu só tenho receio que esta coisa fique de novo num
oba-oba e depois do Natal a coisa morra de novo.
JOSÉ: Falou,
Mara. Mas eu tenho esperança. Pois acho que as pessoas andam conscientes da
situação deste mundo e que ao invés de ficarem se encucando elas devem é
colocar a cuca e as mãos em ação. Agir hoje, agir sempre.
GELSON: Que tal terminarmos
por aqui o nosso acampamento e começarmos agir já agora mesmo?
TODOS: É isso aí.
Vamos agir pessoal!
SIM ESPECIAL: Natal
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